O filho do ex-presidente do Vitória, Alexi Portela Jr., Rodrigo Portela, escreveu uma carta aos conselheiros do clube onde pede desculpas pelas críticas feitas ao ex-presidente Carlos Falcão, que renunciou depois de ser desclassificado do Campeonato Baiano pelo Colo Colo, de Ilhéus.
“Reconheço que acabei expondo o conselho e o ex-presidente a quem pessoalmente tenho enorme carinho, respeito pela sua trajetória de sucesso na vida, pelo fiel e excelente cumprimento da vice-presidência durante os anos de presidência de meu pai e, finalizando, lhe congratulo pela sua altivez e pelo ato de coragem e amor pelo clube ao abdicar do seu mandato. Imagino o quão difícil deve ter sido tomar essa decisão”.
O filho do dirigente admite a possibilidade do “pesadelo de uma série C” e diz esperar “que seja o inicio de uma nova era de gloria no Vitoria e que o novo presidente tenha calma e sapiência não somente para montar um time competitivo e vencedor (SIC) mas para estruturar a nossa agremiação para os próximos 20 anos”.
Leia a carta completa:
Prezados Conselheiros,
Antes de dar a minha opinião sobre situação do clube, quero desculpar-me publicamente com o ex-Presidente Carlos Falcão e dizer a todos que o meu ato impensado de publicar críticas a sua gestão, o fiz em um momento de enorme decepção e forte emoção, e indevidamente tornei público nossas discordâncias, coisas até mesmo que não pensava, apenas como forma de extravasar a minha frustração na sua pessoa e, por isso, reitero, como rubro-negro que somos, peço-lhe desculpas, mais uma vez.
Reconheço que acabei expondo o conselho e o ex-presidente a quem pessoalmente tenho enorme carinho, respeito pela sua trajetória de sucesso na vida, pelo fiel e excelente cumprimento da vice-presidência durante os anos de presidência de meu pai e, finalizando, lhe congratulo pela sua altivez e pelo ato de coragem e amor pelo clube ao abdicar do seu mandato. Imagino o quão difícil deve ter sido tomar essa decisão.
Mas tanto o ex-presidente como o presidente a ser empossado, deve pensar sobre os erros que cometemos na administração do futebol ao longo dos últimos, inclusive nos anos de gestão de meu pai, para que possamos tirar a lição dos nossos erros.
Devemos repensar esse modelo que diz privilegiar a divisão de base (SIC) mas quase todos os anos contratamos jogadores inexpressivos ou, pior, em fim de carreira, verdadeiramente decadentes, a peso de ouro, que impedem que nossas jovens promessas ascendam ao elenco principal.
Nessa altura do ano, estamos com um time já comprovadamente reprovado, as portas de uma série B, onde deveríamos ser favoritos ao acesso para a série A e, porque não, ao título, mas, pasmem, minha preocupação, e sei que de muitos aqui, é vivermos novamente o pesadelo de uma série C.
Não podemos também perder tempo e dinheiro com jogadores que estão parados em seus clubes, devido a problemas físicos crônicos e que aqui chegam para se reabilitar. Se o Vitória não é asilo, da mesma forma não deve ser hospital!
Futebol atual é um esporte de muita força física, dinâmica de compactação, ocupação de espaços e velocidade, e por isso digo que precisamos de jovens talentos, competitivos, que tenham gana e vontade de vencer em suas carreiras profissionais.
A responsabilidade é nossa de garimpar tais potenciais! A contratação de jogadores deve ser um processo estruturado, onde seja analisado não somente o lado técnico (SIC) mas também o comportamental do atleta e não simplesmente uma decisão açodada tomada no afã de dar uma resposta a torcida ou no calor de um mal resultado. Devemos parar de contratar na bacia das almas!
É preciso que tenhamos um perfil determinado para técnico de nossa agremiação, com compromisso de acatar a nossa filosofia de base e utilização de jovens jogadores.
Todos os brasileiros foram testemunhas do vexame da nossa seleção durante a Copa. Há culpa no planejamento da nossa entidade maior? Sim! Mas boa parcela por nossos técnicos que precisam estudar e se reciclar. O que aprenderam a (SIC) 20 anos atrás não serve mais para hoje!
Ademais, precisam se colocar como funcionários do clube e não como donos do time. O Vitória não pode mais se sujeitar as opiniões dos técnicos sobre indicação de jogador A ou B. Invariavelmente, todos os técnicos possuem empresário (SIC) e a promiscuidade no meio é latente.
Precisamos definitivamente entender que jogadores, técnicos e os gestores estão aqui de passagem e o clube continua, com seus problemas a resolver, inclusive o pagamento de gordas indenizações a muitos que por aqui passaram e prestaram péssimos serviços.
Temos que ter uma estrutura de gestão do nosso futebol com os nossos colaboradores! Chega desses executivos que aqui chegam como se fossem enciclopédias de futebol. Precisamos de gestores e não de gurus! Se for para contratar jogadores sempre do mesmo empresário, a figura de um gestor de futebol torna-se dispensável.
Precisamos manter a política de uma comissão técnica fixa do clube, mas precisamos melhorar a análise das nossas necessidades a fim de trazer jogadores que venham para somar com o esquema de jogo do treinador e a característica de jogo do Vitoria. Os critérios adotados hoje em dia são muito falhos e sem base alguma. Contratamos quem nos oferece e não quem precisamos!
O Vitória precisa investir e acreditar nos seus profissionais. Perdemos um profissional formado em casa ao longo de quase 20 anos, com MBA de gestão esportiva pago pelo clube. Hoje o nosso investimento humano será aproveitado pelo Palmeiras e, não nos enganemos, digo que dentro em breve perderemos Amadeu, por falta de oportunidade de crescimento e temos que admitir a nossa falta de coragem e confiança para com os aqui formados.
Temos que parar com esse comportamento de sermos rigorosos ao extremo com os da casa e lenientes com os que vêm de fora!
Precisamos rever nosso plano de sócio torcedor, hoje temos apenas clientes, compradores de ingressos, e não sócios!!. Os torcedores que vêm ao estádio são sempre os mesmos!! Acabamos perdendo dinheiro!! Precisamos ter sócios que tenham descontos no ingresso e não torcedores que possuem a vantagem do franqueamento do acesso ao Barradão e que se dizem sócios.
Precisamos reformular nosso estatuto, mas não somente para regulamentarmos uma eleição direta, mas para modernizar a gestão do clube!
Precisamos diminuir o número de diretores estatutários! Nos dias atuais, com a vida corrida, exigida pela sociedade moderna, não há cabimento exigir que as pessoas larguem seus afazeres, suas famílias, seu lazer para se dedicarem ao clube.
É preciso que profissionalizemos a gestão do clube!
O diretor estatutário deve, com sua experiência profissional, indicar direções e acompanhar as metas traçadas, fazer cumprir um plano estratégico. Tocar o dia a dia e executar as metas é tarefa para executivos e profissionais contratados!
Reconheçamos que já se jogou muito dinheiro na lata do lixo do futebol profissional (SIC) mas pouco se investe em se profissionalizar o clube. Em verdade o conselho diretor é uma família formada de um primo rico com vários primos pobres!
O conselho Deliberativo deve ser mais ativo e mais frequentemente chamado para compartilhar decisões espinhosas. O cargo de presidente é espinhoso, solitário e sempre refém dos resultados.
O conselho fiscal deve sair do papel passível de carimbador de gastos e assumir um papel de protagonista. Temos que implantar práticas da moderna gestão financeira.
Precisamos implantar setores de controladoria e governança e, se necessário for, votarmos um orçamento impositivo não somente para que o clube se adeque a nova legislação (SIC) mas, principalmente, evitar os custos exagerados do futebol profissional.
Honestamente espero que seja o inicio de uma nova era de gloria no Vitoria e que o novo presidente tenha calma e sapiência não somente para montar um time competitivo e vencedor (SIC) mas para estruturar a nossa agremiação para os próximos 20 anos!
Saudações Rubro Negras,
Rodrigo Portela