Avaliação é importante: há similariedade com sintomas da dengue e chikungunya
O zika vírus, doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti (o mesmo da dengue e chikungunya) e que teve inicialmente seu primeiro foco de incidência na Bahia na região metropolitana de Salvador, alastrou-se pelo estado e já chegou a 168 municípios baianos. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) na última terça-feira (16), são 24.834 casos suspeitos na Bahia, tratados pelas autoridades como "Doença Exantemática Indeterminada" (DEI). O Bahia Notícias ouviu pessoas que acusam terem sido acometidas pelo vírus sobre como procederam diante dos costumeiros sintomas relatados da doença como febre baixa, coceira e dores no corpo. A maioria dos entrevistados disse não ter ido ao médico para diagnosticar a doença, mas atesta ter tido a enfermidade com base em relatos de pessoas próximas que foram diagnosticadas por profissionais. Este foi o caso da estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades Millena Siqueira, moradora de Salvador, cidade que registrou 10.779 suspeitas de ocorrências da doença, o maior número no estado. “Não fui ao médico. Meu cunhado foi diagnosticado e os sintomas bateram certinho, vi que estava com a doença”, contou. A advogada Adélia Andrade, de Valença, no Recôncavo Baiano, afirmou o mesmo. “Em Valença, muitas pessoas tiveram. Com base dos depoimentos de pessoas que foram ao médico, tive a certeza que tive a doença”, afirmou. O representante comercial Geilton Bahia, de Feira de Santana, município que possui o maior número de casos da febre chikungunya, considerada prima do zika vírus e da dengue, conta que seu filho Hiram, de 10 anos, foi tratado em casa. “A gente não fez exames, pois minha esposa é enfermeira”, disse. Já a publicitária Carol Miranda, moradora da capital baiana, fez diferente. Foi ao médico e recebeu dele o diagnóstico do zika vírus. “Eu já tinha mais ou menos noção dos sintomas. Fui ao médico, ele fez alguns procedimentos e disse que, pelos meus sintomas, eu estaria com o zika vírus”, contou. Além de não ter recebido o diagnóstico de um profissional, a maioria das pessoas afirmou ter se automedicado para tratar a doença. “Tomei medicamentos para dor e alergia, mas eles não foram prescritos por um médico”, afirmou a estudante Millena Siqueira. Adélia Andrade relatou também ter utilizado medicamentos sem prescrição médica. “Tomei apenas um antialérgico, conforme o que a maioria das pessoas que tiveram a doença me recomendou”, contou. Já Carol Miranda, apesar de utilizar os remédios indicados pelo médico, decidiu não fazer um teste pedido por ele para realmente atestar a doença. “Ele me pediu um exame de sangue, mas eu não vou fazer. Não vou fazer, pois já sei que estou com a doença”, decretou. A automedicação e o autodiagnóstico, comportamentos demonstrados por muitos dos que desenvolvem sintomas do zika vírus,são repudiados pelo coordenador de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Salvador, Ênio Soares. De acordo com ele, o diagnóstico por um profissional é importante, já que os sintomas do zika são semelhantes ao da dengue e da febre chikungunya, o que pode levar as pessoas a se medicarem da maneira incorreta. “O diagnóstico não é nem o mais importante, é secundário, mas o mais importante é a forma como as pessoas se tratam. Se elas usam os medicamentos errados para doenças incorretas, isso pode fazer com o que quadro de saúde delas seja agravado”, alerta.
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