O radialista Luiz Santos foi levado por uma guarnição da PM na manhã de hoje, detido dentro de um camburão, até a delegacia, após uma abordagem no Centro de Abastecimento.
Segundo o depoimento de Luiz, os PMs o insultaram, alegando que ele estaria atrapalhando o trânsito. A PM alegou que estava em meio a uma ocorrência, em busca de um homem que estaria armado no Centro de Abastecimento.
Luiz admitiu que uma infração de trânsito, ao parar o carro bloqueando a rua para comprar uma mercadoria e trocar de lugar com a esposa, que assumiria o volante. Mas avaliou que seria no máximo um minuto, e que seu erro poderia ser punido com multa. Ele alega que não viu o carro da PM atrás e que o giroflex estava desligado. “Peço perdão, mas se cometi, foi uma infração de trânsito”, registrou.
Luiz relatou que a abordagem acabou em detenção depois que ele avisou que iria comunicar a situação ao coronel Adelmário, que comanda a corporação em Feira de Santana.
O presidente do Sindicato dos Radialistas, Valter Vieira, emitiu nota dizendo que o sindicato "rechaça veementemente a atuação de policiais militares que atuaram na condução à Delegacia do radialista Luiz Santos".
Segundo a nota, ele foi "vítima do abuso de autoridade praticado contra os cidadãos, embora, claro, essa não seja a orientação do alto comando da Polícia Militar".
Ao relatar o caso no programa Linha Direta, que apresenta diariamente na Rádio Sociedade, Luiz elogiou a atuação de alguns policiais militares, disse que tem amigos e parentes na PM e que o que se passou com ele foi “uma ação isolada”.
O coronel Adelmário Xavier prometeu apurar o caso e na tarde desta terça-feira colheu na Corregedoria o depoimento do radialista. Os PMs envolvidos (sargento Gonzaga, soldado Araújo e um terceiro de nome ainda desconhecido da imprensa, pertencentes à 64ª Companhia Independente da Polícia Militar, na rua Edelvira de Oliveira) não quiseram dar entrevista quando foram procurados pelos repórteres.
LEIA ABAIXO O RELATO FEITO POR LUIZ SANTOS DURANTE O PROGRAMA LINHA DIRETA
"Enquanto circulávamos no nosso veículo uma viatura estava atrás. Confesso que não percebi. Parei simplesmente pra comprar uma mercadoria e minha esposa conduzir o veículo. A viatura estava atrás de mim. Desci do veículo, os policiais de maneira, infelizmente, naquele momento demonstraram um despreparo muito grande. Já desceram gritando que eu estava atrapalhando o trabalho da polícia, a ocorrência policial. Eu disse. “Rapaz estou simplesmente trocando de motorista. Minha esposa já vai retirar o veículo. Foi o suficiente para os três policiais se alterarem, me xingaram bastante, me xingaram de veado, de vagabundo, que os assaltos estavam acontecendo no Centro de Abastecimento e que eu era um dos culpados, que eu que deveria ser assaltado para nunca mais obstruir o trabalho da polícia.
“Me identifiquei como Luiz Santos, cidadão, em momento algum me coloquei como radialista, até porque não estava exercendo naquele momento. Disse: Olha, sou Luiz Santos, cidadão, estou trabalhando. Um deles disse "Você não tá trabalhando, você tá é atrapalhando, vagabundo. Nós é que estamos trabalhando.
“Eu disse: Rapaz, isso não é maneira de vocês se dirigirem a qualquer cidadão. Vou passar o que está acontecendo para o coronel Adelmário. Aí parece que ficaram mais raivosos ainda. Houve aquele constrangimento muito grande, um bate boca. Em momento algum agredi os policiais. Simplesmente não concordei com a maneira como estavam me tratando.
“As pessoas começaram a se aglomerar, me fotografaram, fotografaram meu veículo. Por último resolveram me conduzir ao complexo no fundo de uma viatura, porque eu estaria desacatando. Eu disse que “se isso for desacato, dizer que vocês são arrogantes, estou desacatando. Estão sendo muito, hiper arrogantes. Foram as minhas palavras”, comentou.
"É um constrangimento muito grande você ser lançado no fundo de uma viatura sem dever nada, na presença de sua esposa, já desesperada, chorando".
"Luiz não é melhor que ninguém. Não tem nenhuma imunidade porque é radialista. O que nos deixa preocupados é que recebemos constantemente reclamações aqui de como alguns policiais tratam o cidadão", argumentou.
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