Após o incêndio na rua Tertuliano Carneiro, que quase se alastrou até a Sales Barbosa - rua toda tomada por barracas que impedem o acesso dos bombeiros - comerciantes da região e entidades que representam a classe empresarial promoveram uma reunião na noite desta segunda-feira (04) na CDL. Foi lançado uma espécie de manifesto dos empresários, que a certa altura diz: “Exigimos nossa ruas de volta. Nossa Sales Barbosa, nossa Marechal Deodoro e adjacências”. Assinam o documento a CDL, a Associação Comercial e o Sindicato do Comércio.
A aposta do governo no shopping popular a ser construído no Centro de Abastecimento também foi criticada. “Não podemos mais aguardar a construção de um equipamento que levará pelo menos um ano em obras, se é que vai sair do papel”, diz o documento, que pode ser lido na íntegra ao final desta matéria.
Mas o secretário de Desenvolvimento Econômico, Antônio Carlos Borges, insistiu na tese de que é a solução. “A única alternativa viável que eu vejo é este centro comercial popular”, disse ao se manifestar para os presentes.
A reunião contou com a participação da imprensa, convidada para registrar o posicionamento oficial do comércio. Embasa, Coelba, bombeiros e PM também enviaram representantes. Além de Antônio Carlos, a prefeitura foi representada também por Pedro Américo, da Defesa Civil.
Havia entre os comerciantes um clima de insatisfação com a própria ideia de se fazer reuniões. Reclamaram de que em dezembro de 2006 houve um grande incêndio na loja Maskate, depois do qual se fizeram seguidas reuniões e o que mudou, mudou para pior: as barracas da Sales Barbosa ficaram ainda mais intocáveis, pois foram fixadas ao chão com concreto.
Entre os mais indignados, o dono da loja Status, Mário Paes. Ele já foi camelô e diz que é preciso sim destinar um espaço para abrigar os trabalhadores que atuam nas ruas. Mas defende a liberação da Sales Barbosa.
“Fico muito à vontade porque minha origem é de camelô. Mas as coisas têm que ser feitas com justiça e ordenadas. Não se deve postergar o que já passou há muito tempo de ser resolvido. Acho que o poder público de Feira deveria arrumar uma área propícia para que os camelôs trabalhassem, com banheiros, praça de alimentação. Não é pegar o camelô e jogar em qualquer lugar, porque são pais de família, como nós comerciantes. Se tivesse um pouco de boa vontade do poder público, dava”, opinou.
SEM SEGURO
Impressiona o fato de que as companhias de seguro não aceitam fazer negócio com as empresas situadas na Sales Barbosa. O lojista Ubirajara Souza, da Confimil, tentou com três empresas, sem sucesso. “O corretor fez toda a programação, mandou para a seguradora, que mandou fazer a vistoria no prédio e na área em volta. Vendo as circunstâncias da rua Sales Barbosa, com risco grande de sinistro, agradeceram e não pude renovar o seguro. Tentamos com duas outras seguradoras e foi a mesma coisa. Com várias outras lojas foi o mesmo problema. Tive a informação de que uma loja grande já tinha efetuado o pagamento e eles restituíram, pelo risco de incêndio”, relata Ubirajara.
A negativa das seguradoras em fechar negócio com os lojistas foi confirmada pelo secretário Antônio Carlos e pelo presidente da Associação Comercial, Marcelo Alexandrino.
O major Tarcízio do Vale, que coordena os bombeiros em Feira e outros municípios advertiu no encontro na CDL que na Sales Barbosa não teria tido condição de atuar. “Tivemos sorte que não foi na Sales Barbosa. Tivemos sorte que cercamos com as viaturas e o fogo não ultrapassou. Se ultrapassasse, era uma tragédia e eu não teria condições de atender, tamanha a situação da quantidade de barracas que estão ali. É sério o que estou falando”, reforçou.
LEIA ABAIXO NA ÍNTEGRA A MANIFESTAÇÃO DA CDL, ACEFS E SINDICATO DO COMÉRCIO:
Mais uma vez Feira de Santana tem um incêndio e mais uma vez nos encontramos em situação de perigo e calamidade pública.
No dia 01 de julho de 2016, por volta das 18:30, mais de 10 lojas situadas entre as ruas Tertuliano Carneiro e Sales Barbosa, que não podemos chamar de rua nem calçadão, foram atingidas por um incêndio de grandes proporções.
De quem é a culpa do incêndio? Talvez esta pergunta permeie a cabeça da maioria dos feirenses. A culpa não é de ninguém. Um incêndio não é desejado por ninguém e mesmo tomando todos os cuidados do mundo, quem está livre deste tipo de sinistro? Porém quanto à proporção tomada há de se questionar muitos aspectos.
Não queremos buscar culpados pelas proporções alcançadas por mais este incêndio na cidade e sim buscar responsáveis para solucionar definitivamente os problemas que são constantemente denunciados.
O Corpo de Bombeiros, que possui uma corporação valiosíssima e fez um trabalho fantástico neste último episódio, trabalha sem a devida estrutura há anos, sendo a Guarnição de Feira de Santana frequentemente usurpada para a estruturação de outras cidades. O fato de não termos uma escada MAGIROS é um pesadelo há mais de 15 anos. E como ela fez falta na sexta-feira! Onde estão os recursos amealhados pelo Governo Estadual com a taxa de incêndio cobrada dos comerciantes locais que eram para aparelhar o Corpo de Bombeiros? Quando precisamos dele não temos carros suficientes, equipamentos e pasmem todos, água disponível para apagar o incêndio. Não é a primeira vez que os empresários precisam pagar caminhões pipa para tentar salvar alguma coisa de seus comércios. Onde estão os nossos recursos? Onde estão os hidrantes que deveriam estar em pleno funcionamento no centro da cidade e toda vez que precisamos acioná-los não tem o liquido precioso para o combate ao incêndio. Precisamos que a EMBASA resolva este problema e tenha sempre equipes de plantão para operar a rede hidráulica nestes momentos. Não existe treinamento específico para minimizar os impactos de um sinistro no centro da cidade. Não sabemos a quem nos dirigir quando acontece alguma catástrofe.
As entidades de classe já vêm denunciando ao longo do tempo todas estas irregularidades e situações de alto risco. Existe em andamento no Ministério Público Estadual o inquérito civil de nº 596.046572/2008 com o objetivo de apurar estas questões e adotar as medidas judiciais cabíveis.
Mais um incêndio no Centro Comercial de Feira de Santana. Coração de uma cidade que nasceu do comércio e continua crescente, sendo o maior centro comercial do interior do Brasil, exceto algumas cidades da região sudeste. A proporção deste incêndio, que com todos os cuidados tomados nem sempre podemos evitar, poderia ser infinitamente menor se houvesse acesso pela Rua Sales Barbosa para os parcos caminhões dos bombeiros. Mas que rua? Mas que calçadão? O que vemos é um amontoado de barracas de alvenaria e ferro, cravadas no chão (na essência da palavra não podemos chamá-los de ambulantes) ocupadas por comerciantes estabelecidos que concorrem em desigualdade com as lojas, e o pior de tudo, colocando todos (inclusive eles próprios) em uma situação de alto risco. Risco de assaltos pela baixa mobilidade do local, aliás mobilidade esta impossível para portadores de dificuldades de locomoção, risco de incêndio, pela precária situação das instalações elétricas, risco de saúde pública, pela poluição e condições sanitárias. Que absurdo é este que não tem a intervenção do poder público constituído para ordenar um espaço que é de todos? A Prefeitura Municipal precisa resolver definitivamente e no menor espaço de tempo possível esta situação de extremo risco à cidade de Feira de Santana. Imaginem se este incêndio tivesse começado em uma loja ou barraca dentro da Sales Barbosa? Quais seriam as proporções? Estamos literalmente brincando com FOGO!
As entidades produtoras de Feira de Santana apoiaram e apoiam o projeto do Shopping Popular dentro do PACTO DA FEIRA, projeto iniciado pela prefeitura e que parece não ter fim. O que falta para efetivar a solução? Mais prejuízos? Mais desempregos? Mortes? Estimamos que serão fechados mais de 100 postos de trabalho com as reformas necessárias das lojas, ou até fechamento definitivo de algumas. Não podemos mais aguardar a construção de um equipamento que levará pelo menos um ano de obra, se é que vai sair do papel, para um reordenamento do Centro da Cidade. Não temos mais tempo! A Prefeitura precisa resolver este problema criado por ela própria quando foi permissiva na invasão do espaço público. Exigimos nossas ruas de volta, nossa Sales Barbosa, nossa Marechal Deodoro e adjacências, reurbanizadas e aptas a receber a população e o comercio pujante de Feira de Santana.
Os dirigentes públicos foram eleitos para resolver os problemas da cidade e precisam enfrenta-los com coragem e resignação, olhando para o interesse da grande maioria. Basta aplicar os recursos públicos arrecadados para os fins devidos aos quais foram criados e não deixar a população em risco.
Precisamos urgente de adoção de medidas concretas e objetivas pelo poder público: reequipar o Corpo de Bombeiros com os recursos oriundos do comercio de Feira com a devida proporção para uma cidade de mais de 600.000 habitantes; desobstrução da Sales Barbosa e ruas adjacentes para acesso a carros e equipamentos de combate a incêndio; condicionamento das ligações de energia elétrica da Sales Barbosa apenas para portadores de alvará de funcionamento; realização de um Plano Integrado de combate a incêndio com todos os órgãos envolvidos como Embasa, Coelba, PM, CB, Samu e Defesa Civil, sendo coordenado por esta última e com treinamento de simulação de sinistro.
Estas medidas minimizarão os riscos e as entidades se comprometem a adotar medidas paralelas como: campanha de revisão dos planos de pânico e incêndio e instalações das lojas, seguido de um Plano de proteção patrimonial para os lojistas junto às seguradoras; treinamento de brigadas de incêndio nos estabelecimentos comerciais.
Solicitamos ao Ministério Público Estadual que assuma o papel de coordenador e justo fiscalizador das ações do Poder Público de interesse da população, para que se tornem efetivas as ações sugeridas e/ou outras necessárias para solucionar este grave problema de toda a população de Feira de Santana.
Luis Henrique Mercês dos Santos
Presidente Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana,
Marcelo Augusto Alexandrino A. Souza
Presidente Associação Comercial de Feira de Santana
José Carlos Moraes de Lima
Presidente Sindicato do Comércio de Feira de Santana
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