Após denúncias feitas por médicos residentes, o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) resolveu fazer uma fiscalização, com acompanhamento de prepostos do Ministério Público da Bahia (MP-BA) no Hospital Couto Maia, localizado no Monte Serrat (bem próximo a Colina Sagrada), na Cidade Baixa, em Salvador.
De acordo com o próprio conselho, “há infiltrações e mofo por todo o ambiente. As macas estão enferrujadas, assim como as cadeiras, as mesas, os armários, os aparelhos de ar-condicionado (quando há), a balança e, até mesmo, a geladeira que armazena medicamentos”.
Problemas enfrentados por médicos e enfermeiros também foram constatados: “se arriscam com seus pacientes pelas rampas de acesso aos pavilhões do hospital, onde as telhas estão caindo e há toldos rasgados. Nos corredores, caixas se amontoam junto aos equipamentos e, em alguns lugares, não tem luz. A fiação exposta também é comum por toda a unidade”.
Além dos problemas com infraestrutura, o hospital também carece de medicações básicas, como dipirona, heparina, anticoagulantes, anti-hipertensivos e outros essenciais para pacientes com doenças infecciosas, a exemplo dos antibióticos azitromicina e imipenem.
A situação não é nova e, segundo os residentes, desde novembro de 2015 as reivindicações para melhorar a condição de trabalho foram pleiteadas frente à diretoria e Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) sem que nenhuma providência fosse tomada. De acordo com o Cremeb, a visita feita pelos conselheiros junto ao Ministério Público confirmou tudo que foi relatado no documento de denúncia encaminhado pelos residentes.
O conselheiro regional e membro do Conselho Federal de Medicina (CFM) Otávio Marambaia, que esteve na fiscalização, afirmou que o Hospital Couto Maia está em ruína, sendo um desrespeito com a dignidade humana. “É necessário que a Sesab tome as devidas providências para melhorar o local ou transferir a unidade de lugar. É preciso que se assuma a responsabilidade de oferecer um atendimento digno à população”.
“Um bom atendimento não é feito só com a equipe médica, é proporcionado também com instalações adequadas, paredes limpas, remédios disponíveis e equipamentos em bom estado”, enfatizou Marambaia. O médico ainda lançou um desafio: “Eu desafio a vigilância sanitária a fazer uma inspeção no Couto Maia e quero ver se terá coragem de liberar o funcionamento da unidade com todos esses problemas que vimos”.
- A presidente do Cremeb, que também acompanhou a visita, Dra. Teresa Maltez ratifica a situação precária em que o hospital se encontra. “O Couto Maia tem uma estrutura antiga que não está recebendo os devidos cuidados. Os gestores fazem promessas de novos hospitais, enquanto não conseguem manter em condições dignas uma unidade que já existe”.
- Procurada pela reportagem, a diretoria do Hospital Couto Maia afirmou que está dando a devida supervisão par ao funcionamento de uma residência médica e salientou: “A diretoria do Hospital Couto Maia fica satisfeita em saber que a preceptoria da unidade não está sendo questionada”.
A nota tenta justificar a precariedade das instalações físicas relatada pela fiscalização: “a unidade, até pela idade da sua construção – 163 anos, está com a estrutura física degradada. Ainda que não fossem cessados os investimentos para a manutenção do prédio onde funciona o hospital, houve uma redução, uma vez que está sendo construído o ICOM (Instituto Couto Maia). Por conta de problemas com a construtora, a nova unidade ainda não foi entregue”.
A diretoria da unidade hospitalar também citou obras em andamento: “Com referência à questão estrutural em 11/04/2016 começaram as obras para a recuperação dos Pavilhões e Prédio Administrativo, sendo iniciada pelo Pinto de Carvalho onde foi trocado todo o telhado e já foi iniciada a pintura”.
Por fim, a nota fala sobre a estrutura do Hospital: “A unidade é responsável por atender até dois mil pacientes por mês. O Couto Maia é o único na Bahia especializado no tratamento de doenças como meningite, tétano e leptospirose, e tem o vírus HIV como principal causa de internações. O hospital é dividido em três pavilhões. Fazem parte da estrutura física 101 leitos, entre os quais, seis de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e 30 pediátricos, além de ambulatórios para pessoas com HIV, para neuroinfectologia e para assistência a pacientes com hanseníase”.
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