A CBF vai pagar cerca de R$ 400 mil para o ex-jogador Pelé comentar os amistosos da seleção brasileira. O melhor jogador da história do futebol nacional será a principal atração da estreia do projeto de comunicação da entidade, que prevê a produção e a exibição dos amistosos da equipe nacional de futebol.
O acerto foi feito no início de maio. A quantia fez Pelé aceitar trabalhar com o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Em dezembro de 2015, o ex-jogador assinou um documento batizado de "Manifesto por uma nova CBF", que pedia a renúncia imediata do mandatário.
Atual treinador da seleção, Tite também assinou o manifesto. Pouco antes de o técnico aceitar o cargo, Del Nero foi acusado pelo FBI de fazer parte de um esquema de recebimento de propina na negociação de direitos comerciais de competições no Brasil e no exterior.
O amistoso de estreia da transmissão assinada pela CBF será no clássico contra a Argentina, em 9 de junho, em Melbourne (Austrália).
O pacote pago a Pelé ainda envolve o segundo jogo da seleção na Oceania. Ele comentará o amistoso contra os australianos, no dia 13, também em Melbourne.
Para a partida de estreia, a entidade tentou contratar Maradona para comentar o jogo junto com o brasileiro.
O negócio não foi fechado por causa dos compromissos do argentino com o Al-Fujairah. Ele é o treinador do time dos Emirados Árabes.
Nova Era
O jogo com a Argentina vai marcar uma mudança nas transmissões esportivas no país. A partir de agora, a entidade vai comprar horário nas TVs para exibir os jogos da seleção com a sua equipe. Até o ano passado, a Globo transmitia com exclusividade todos os amistosos.
Para viabilizar o projeto, a confederação já comprou horário na TV Brasil. A Band deve ser anunciada como nova parceira nesta quarta-feira (31). A confederação tenta comprar espaço na emissora paulistana.
A narração e os comentários dos amistosos serão feitos em um estúdio montado pela confederação dentro da sede da entidade, no Rio.
A CBF enviará ainda um repórter para a Austrália para entrevistar os atletas antes e depois dos jogos.
A iniciativa da confederação segue modelo existente no exterior, em que clubes e ligas produzem a transmissão de seus eventos. Os dirigentes da CBF acreditam que vão arrecadar mais ao vender os seus produtos diretamente aos anunciantes nas mais diferentes plataformas.
Para os dois amistosos na Austrália, a confederação tenta fechar acordo com o Facebook para mostrar as partidas pela internet, com cotas publicitárias de R$ 2,3 milhões cada. Um canal fechado também deve receber o conteúdo da CBF.
A emissora tem os direitos de transmissão das partidas das eliminatórias para a Copa da Rússia, em 2018. Também exibirá o Mundial do próximo ano, assim como o de 2022, no Qatar. Mas, para as próximas eliminatórias, não há nenhum contrato assinado e a CBF estuda usar seu projeto de transmissão.
O último jogo da seleção principal fora da grade da Globo foi em 2010, na estreia de Mano Menezes como técnico. O Brasil venceu os Estados Unidos, por 2 a 0.
CBF tentou comprar horário na TV Globo
Sem conseguir receber a quantia desejada da Globo, a CBF tentou comprar o horário para transmitir os dois amistosos na emissora líder de audiência, segundo a reportagem apurou.
A proposta foi feita pela entidade no começo deste mês, mas recusada pelos executivos do canal.
A CBF não queria usar os profissionais da Globo. A entidade fazia questão de fazer toda a produção e utilizar a sua própria equipe na transmissão. A confederação queria também exibir a marca dos seus próprios anunciantes.
Na segunda-feira (29), a Globo informou, em nota, não concordar com o modelo escolhido pela CBF e que buscou um acordo, sem sucesso.
Como o acerto não aconteceu, a entidade decidiu arrendar o horário na TV Brasil. Os amistosos serão às 7h (de Brasília). A entidade não divulga um previsão de arrecadação.
O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, decidiu bancar a transmissão sem a Globo de olho no aumento do faturamento.
Ao produzir o evento e vender diretamente para os anunciantes em diferentes plataformas, a CBF quer deixar de depender do antigo modelo, afetado pela queda de publicidade nas mídias tradicionais.
A TV CBF é um sonho antigo. Idealizada por Rodrigo Paiva, ex-diretor de comunicações da entidade, em 2011. Mas Ricardo Teixeira, antigo presidente, se recusava a entrar em confronto com a Globo.
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