Negras e pardas, religiosas e independentes. Essas são as
características da maior parte das mulheres atendidas pela Ronda Maria
da Penha, operação que acompanha mulheres que estão sob medida protetiva
judicial por violência doméstica.
De acordo com a comandante da Ronda na Bahia, major Denice Santiago, de
45 anos, a operação assiste a 36% de mulheres negras autodeclaradas e
cerca de 40% de pardas, o que soma mais de 70% do total de atendidas.
Quem pensa que as mulheres que sofrem violência doméstica normalmente
são dependentes economicamente dos maridos pode estar enganado. "Mais de
70% das mulheres que a gente atende são responsáveis pelo sustento
delas mesmas ou da família. São mulheres com vidas equilibradas, que não
estão dependentes economicamente dos homens", informou Denice.
A religião aparece em mais de 40% dos casos, sendo grande parte das
mulheres evangélicas, testemunhas de Jeová ou católicas. "Muitas
mulheres que eu atendo já passaram por dogmas e repressão em relação à
religião. Como é possível admitir que o homem que ela escolheu para ser
seu companheiro é seu maior algoz? Aquele que todo mundo olha na rua e
fala que seu casamento é maravilhoso?", explicou a major, ressaltando
que muitas pensam que é "ruim com o marido e pior sem ele".
Quando se tratam de aspectos políticos e socioeconômicos, Denice aponta
que não tem como "fechar" um perfil. "Tenho mulheres na Cidade de
Plástico, mas também no Alphaville, Horto Florestal e Loteamento
Aquarius. A violência doméstica não é um lugar delimitado e qualquer
mulher está susceptível", disse.
Há agressores pós-doutores e analfabetos funcionais, assim como as
vítimas. "Não é porque o homem usa drogas ou está desempregado, essas
coisas são subterfúgios", falou a major, explicando que a na hora de
agir não é possível enquadrar os casos. “Não dá para fechar em uma
caixinha porque parece que a ação tem que ser em um lugar só", reiterou.
FONTE: Bahia Notícias
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