Depois de dois anos, a Odebrecht acertou a venda de uma usina
hidrelétrica no Peru para um consórcio formado por empresas chinesas. A
usina foi vendida por US$ 1,39 bilhão, o equivalente a R$ 4,4 bilhões
pela cotação desta quinta-feira (24). Do total, US$ 1,2 bilhão será
usado para quitar dívidas com os bancos que financiaram a construção da
usina.
Os US$ 190 milhões restantes serão depositados num fundo criado pelo
Peru para garantir o pagamento de multas e indenizações ao final das
investigações em curso sobre os negócios da Odebrecht no país.
Com a venda da usina, a Odebrecht está próxima de atingir a meta que
estabeleceu para venda de ativos e redução do seu endividamento. O plano
do grupo é vender R$ 12 bilhões em ativos e já foram concluídas
transações de valor equivalente a R$ 10 bilhões até agora.
A hidrelétrica de Chaglla, que começou a operar somente no ano passado,
foi adquirida por grupo liderado pela estatal China Three Gorges
Corporation, principal operador de energia hidrelétrica do país
asiático.
A companhia chinesa tornou-se recentemente vice-líder em geração de
energia no Brasil, atrás apenas do grupo estatal Eletrobras, após uma
série de aquisições de ativos no país. Segundo a Odebrecht, a usina de
Chaglla é a terceira maior do Peru, com potência instalada de 456 MW. O
negócio faz parte da estratégia da Odebrecht de reestruturação da
empresa.
O grupo baiano precisa do dinheiro para quitar dívidas com credores num
momento em que enfrenta uma crise de reputação em decorrência da Lava
Jato e queda de receitas. Em março, o presidente peruano, Pedro Pablo
Kuczynski, declarou que a companhia brasileira tinha "seis meses ou
menos" para deixar o país.
Em dezembro, a empreiteira reconheceu ter pagado US$ 29 milhões em
subornos a autoridades no Peru entre 2005 e 2014. Entre os investigados
pelas autoridades peruanas por suposta corrupção ligada à empresa
brasileira figuram os ex-presidentes Alejandro Toledo, Alan García e
Ollanta Humala —este último está preso desde o mês passado.
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