Com uma planilha de apoiadores cerca de 20 votos mais magra do que na análise da primeira denúncia, em agosto, o governo Michel Temer decidiu priorizar nas últimas 48 horas conversas com um grupo de 40 parlamentares para tentar evitar um resultado politicamente negativo na sessão desta quarta-feira (25).
A primeira acusação da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer foi barrada com o apoio de 263 deputados, mas agora esse número pode ficar abaixo da metade das cadeiras da Câmara (257).
Governistas dizem ter certo, nesse momento, 240 votos. O foco é conter a debandada de um grupo de aproximadamente 40 parlamentares que têm demonstrado insatisfação e cobrado benesses do Palácio do Planalto.
PMDB, PR e PSD, que haviam fechado questão na primeira denúncia —ou seja, obrigado as bancadas a votar contra a denúncia, sob risco de punição—, não farão o mesmo agora.
Embora bem acima do apoio mínimo que Temer necessita (171), um resultado menor do que na análise da primeira denúncia seria um péssimo sinal para os 14 meses que lhe restam de mandato, ocasião em que pretende aprovar medidas que necessitam do aval de pelo menos 60% do Congresso, como a reforma da Previdência.
Nesta quarta a Câmara analisa a segunda denúncia da PGR, que acusa o presidente e dois de seus ministros, Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil), de integrarem uma organização criminosa que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos.
Temer é acusado ainda de obstrução da Justiça. Para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a apreciar o caso, é preciso o apoio de pelo menos 342 dos 513 deputados.
Os 40 deputados alvo do Planalto integram, em sua maioria, partidos do chamado "centrão", agrupamento de siglas médias e pequenas lideradas pelo PP, PSD, PR, PTB e PRB.
Os reclames desses deputados são, basicamente, liberação mais acelerada de verbas para obras em seus redutos eleitorais, efetivação de apadrinhados em cargos federais e outras demandas na máquina pública. Muitos deles cobram "faturas" da primeira denúncia que ainda não foram pagas.
Com o objetivo de elevar o apoio nesta quarta, Temer exonerou dez ministros para que eles retomem o mandato na Câmara, entre eles o articulador político do governo, Antonio Imbassahy (PSDB-BA). Partidos do centrão pedem a cabeça do ministro, mas assessores ligados a Temer afirmam que Imbassahy fica no governo pelo menos até abril —prazo de desincompatibilização para as eleições de 2018.
Isso porque, segundo eles, o tucano tem servido de ponte para tentar amenizar os recentes atritos entre o Planalto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Por causa do desgaste de Imbassahy, a chefia das articulações com os 40 alvos do Planalto ficará a cargo de Padilha.
Em um ponto, porém, os governistas dizem ter jogado a tolha. Entre a primeira e a segunda denúncia, o Planalto tentou retomar o apoio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e de seus aliados. A avaliação agora é a de que o PSDB continuará rachado e dará a Temer, na maioria, os votos ligados a Aécio Neves (MG). O tucano teve o mandato restabelecido pelo Senado com decisivo apoio do presidente.
Outra preocupação do governo reside na ameaça de governistas não comparecerem à sessão de quarta, temendo o desgaste do apoio a Temer que, às vésperas de um ano eleitoral, tem a popularidade na casa dos 3%.
O governo afirma que partidos que não votarem com Temer perderão os espaços que ocupam.
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