Por Osvaldo Lyra e Paulo Roberto Sampaio
Depois de o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), desistir de disputar o governo da Bahia, o governador Rui Costa (PT) preferiu conter qualquer euforia que apareça dando sua vitória como certa. Em entrevista exclusiva à Tribuna, o petista baiano pregou a humildade e disse que vai trabalhar para “ganhar e ganhar bem” o pleito. “[Vou encarar a eleição] com muita humildade e trabalho. São os dois pilares básicos de quem quer ganhar uma eleição: trabalhar muito e ter muita humildade. Assim que eu vou continuar fazendo. Trabalhando bastante. Minha agenda continua a mesma. Como vocês podem observar, eu não mudei nada na minha agenda. [...] Nós vamos trabalhar bastante, com muita humildade, com muito respeito, para ganhar a eleição e ganhar bem”, frisou. Ainda na entrevista, Rui Costa falou sobre o governo do presidente Michel Temer (MDB), que chamou de “desastroso”, da eventual candidatura do ex-governador Jaques Wagner (PT) ao Palácio do Planalto, e rebateu as críticas da oposição sobre priorizar Salvador em detrimento do interior e de falhas na segurança pública. “As críticas da oposição fazem parte do processo político e da eleição que se aproxima. Muito bom conviver e respeitar a oposição, mas não é verdade”, pontuou.
Tribuna – Governador, como é que o senhor está chegando nessa fase de pré-campanha? Fortalecido politicamente? Fortalecido na gestão? Qual é a expectativa do senhor?
Rui Costa – Olha, eu estou feliz com a gestão, feliz com o desempenho do nosso governo, porém [estou] triste com a situação do Brasil, eu disse para a imprensa que o Brasil precisa encontrar o seu caminho e o caminho do Brasil será quando o país se reconciliar, quando o país passar a nutrir relações de cidadania, relações respeitosas, e todos nós possamos construir um país estável economicamente e estável institucionalmente para que a gente possa voltar a gerar empregos, gerar oportunidades e a melhorar a economia.
Tribuna – A campanha seria levada para um tono se o candidato da oposição fosse o prefeito ACM Neto. Ele não entrou na disputa e o senhor evitou falar sobre o assunto. Como é que o senhor chega agora nesta fase, sendo que o cenário não é o qual estava desenhado até o momento?
Rui Costa – Eu evito falar porque eu acho deselegante quando um treinador de um time começa a emitir opinião sobre o outro time, querendo escalar, querendo comentar o desempenho desse ou daquele outro jogador do outro time. Acho que um treinador tem que se dedicar ao seu time. Assim como qualquer liderança política, ele deve se preocupar com o seu grupo político e não ficar dando palpite no grupo adversário. Então, eu respeito o grupo de oposição e não quero ficar dando palpite nem antes, dizendo quem deveria ser candidato e muito menos depois, comentando o processo de escolhas. Eu não comento, eu trato com respeito. Agora, definindo as candidaturas, até agora temos três candidatos de oposição, nós vamos trabalhar bastante, com muita humildade, com muito respeito, para ganhar a eleição e ganhar bem, mas só ganha bem, seja no esporte ou na política, quem respeita os adversários, quem se dedica e trabalha, que é o que estamos fazendo.
Tribuna – O que o senhor faria se estivesse no lugar de ACM Neto hoje?
Rui Costa – Não gosto de falar de adversários, gosto de falar de trabalho. Eu quero continuar trabalhando com o foco em construir uma sociedade melhor e mais justa. Quero dialogar sempre, respeitar sempre, e rezo para que Deus me ilumine sempre pra exercer o mandato com máxima humildade.
Tribuna – E a montagem da sua chapa? Vai ser um foco de discussão a partir de quando?
Rui Costa – Já agora. Nós vamos intensificar agora que as coisas estão definidas. As filiações partidárias foram definidas. Os nomes estão colocados na mesa e nós vamos conversar sobre a majoritária e vamos conversar sobre a proporcional também. Até porque vamos saber se vamos ter uma chapa, duas chapas de [deputados] federais… Duas, três, quatro chapas de [deputados] estaduais… Nós vamos ver os cenários, olhar a lista de filiação de cada partido e escolher a melhor composição que garanta o melhor resultado. Não só para a majoritária, mas também que garanta a eleição de um maior número de deputados estaduais e federais.
Tribuna – Hoje, o ex-governador Jaques Wagner teria uma eleição confortável para o cenário na sua chapa, mas toda hora ele é lembrado para ser uma alternativa ao ex-presidente Lula. Como vai ficar essa situação? Wagner vai ficar aqui ou vai ficar lá?
Rui Costa – Isso daí é evidente que uma discussão nacional requer um debate com as lideranças nacionais, e os governadores do Nordeste querem uma posição proativa. Nós vamos nos encontrar para conversar sobre isso. Então, esse debate vai ser feito. Tem que ser feito o mais rápido possível agora em abril para que a gente, quem sabe, já entre em maio com esse cenário mais alinhado.
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