sexta-feira, 11 de maio de 2018

Ao acumular inúmeros ‘quases’, Brasil chega perto de ser um país

Ao acumular inúmeros ‘quases’, Brasil chega perto de ser um país
Foto: Reprodução / STF
Principal outsider a ser considerado competitivo nas eleições de 2018, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, desistiu de ser candidato à Presidência da República. Entrou para o rol daqueles que “quase” foram candidatos nas eleições deste ano. E a lista não é tão pequena: vão do apresentador Luciano Huck, que quase foi candidato ao Palácio do Planalto, ao prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que quase foi candidato a governador da Bahia. Tem também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera pesquisas, porém deve ser um “quase” postulante ao Palácio do Planalto, pois a Justiça deve barrar a candidatura baseada na Lei da Ficha Limpa com a condenação e prisão em segunda instância. A listagem de quase também não é nova. Em 2014, o Brasil teve um “quase” presidente, quando Aécio Neves (PSDB) obteve 48,34%. O resultado desse episódio foi um desastre. Um PSDB remoído questionou a eleição de Dilma Rousseff (PT) no Tribunal Superior Eleitoral e arquitetou junto ao MDB o impeachment da petista. No TSE, valeu-se a justificativa de manter a estabilidade em detrimento à cassação da chapa eleita nas urnas. No final, o resultado foi a ascensão de um presidente impopular, marcado por duas denúncias da Procuradoria-Geral da República – algo que, em um país sério, retiraria Michel Temer do poder sem grandes questionamentos. O próprio Temer é mais um “quase” presidente. Mesmo estando no poder, é refém dos aliados que o encurralam na primeira oportunidade: vide as chantagens por cargos e recursos quando o emedebista teve as denúncias arquivadas na Câmara dos Deputados. Outro exemplo: há alguns anos, quando Dilma Rousseff ainda estava na presidência, o Brasil “quase” foi a sensação econômica mundial, com direito a matérias positivas na imprensa internacional e ao Cristo Redentor decolando. Na crista da onda, o país foi sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas, foi centro das atenções. Era “quase” o país do futuro propagado ao longo de tantos anos. São exemplos recentes de quantas vezes chegamos perto de ser algo realmente importante em escala global. Não foi esse o saldo geral. Parece sina. Tal qual os quase candidatos, o Brasil caminha para ser, infelizmente, um quase um país. Este texto integra o comentário desta sexta-feira (11) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.

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