Foto: Valter Pontes/ Secom PMS
Enquanto os partidos menores aliados ao prefeito ACM Neto (DEM) batem o pé e impõem que não vão aceitar fazer parte do chapão, casos de PHS e PPS, a bancada de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) não esconde o descontentamento com o fato de o democrata não atuar em favor dos parlamentares para resolver a questão. O Bahia Notícias ouviu alguns relatos de deputados estaduais integrantes do grupo político do prefeito e também pessoas próximas a ele. Apesar de preferirem não se identificar, fizeram uma avaliação unânime: caso não haja o chapão, a atual bancada vai se desintegrar, e o único capaz de impedir isso, mesmo com o capital político questionado após desistir de se candidatar, é Neto. Uma das fontes afirmou à reportagem que o prefeito poderia, enquanto gestor com a máquina administrativa na mão, se impor para solucionar a equação. O PHS de Júnior Muniz, por exemplo, foi equipado com nomes trazidos pelo vice-prefeito Bruno Reis (DEM). Há a avaliação de que poderia apaziguar os ânimos, por exemplo, prometendo ajudar o presidente da sigla a se tornar vereador nas próximas eleições. No caso do PPS, comandando no estado pelo vereador Jocival Rodrigues, o prefeito poderia apelar para a parceria de longa data com o edil, que já foi líder do governo na Câmara de Vereadores. Já o PV de Ivanilson Gomes, que ameaça lançar candidato próprio e também não quer concorrer no chapão, não teria cacife para exigir tanto. Tem na gestão apenas a Secretaria da Cidade Sustentável e Inovação (Secis) e, caso perca o espaço no governo, não conseguiria guarida na base do governador Rui Costa. Ficaria, então, com receio de perder o naco de poder. “Só basta ele [Neto] querer [fazer essas negociações], mas não sei se ele tem interesse”, afirmou ao BN uma fonte. O desespero dos deputados da oposição se justifica. Sem o chapão, muitos deles teriam dificuldades na reeleição. Com menos partidos para incrementar o voto de legenda, vários parlamentares precisariam aumentar a quantidade de sufrágios para continuar com a cadeira na AL-BA. Na última eleição, por exemplo, teve deputado da chapinha se elegendo com 30 mil votos, enquanto outros candidatos do chapão atingiram a barreira dos 40 mil, mas não conseguiram coeficiente para obter a vaga. Por outro lado, caso os partidos menores fizessem o chapão, dificultariam a eleição dos seus candidatos, pois serviriam mais como escada para incrementar as votações de quem já tem mandato e, por isso, mais estrutura para se reeleger. Pelas contas feitas na oposição, sem o chapão, oito dos atuais parlamentares não obteriam um outro mandato. Os dois lados teriam, então, motivos cabíveis para defenderem os posicionamentos adotados, mas os deputados acham injusto que eles, após trabalharem na defesa de Neto nesses anos, sejam abandonados à própria sorte. “Ficamos quatro anos lá, batendo no governador, sem emenda. Tem outros deputados com 16 anos na Casa, que vivem daquilo. É justo quem está continuar. Se ele colocou todo mundo no sacrifício, que tente diminui-lo”, reivindicou a mesma fonte. As reclamações contra o prefeito também se dão pela falta de diálogo com a oposição após ele anunciar que não seria candidato. Os deputados criticam o fato de, após a desistência, o democrata ainda não ter marcado uma reunião com o grupo para conversar sobre o assunto e as estratégias de sobrevivência. Também reclamam que o prefeito e o vice-prefeito não têm atendido as ligações de parlamentares, como se estivessem com “vergonha” pelo o que está ocorrendo. Falam, ainda, que Neto está com a liderança minada para resolver tantas questões. Enquanto a situação perdura, alguns deputados podem trocar insatisfação por retaliação. Segundo os relatos ouvidos pelo portal, já há gente ameaçando não apoiar a candidatura de José Ronaldo (DEM), indicado pelo prefeito, ao governo do Estado. E acredita-se também que o democrata também não deve ter a perspectiva de ver a bancada trabalhando com afinco por ele. Na atual conjuntura, muitos vão preferir cuidar de suas próprias vidas - leia-se reeleições - sem ter a obrigação de acompanhar o candidato em seus palcos pelo estado. Uma outra fonte relatou à reportagem uma conversa que teve recentemente com o prefeito. Contou que disse a ele que, com sua decisão, tinha colocado muitos pescoços na guilhotina. Neto, por sua vez, repetiu que não tinha assegurado ser candidato. No entanto, admitiu que anunciou seu futuro tarde. Com isso, deixou muitos sem saber quais serão os deles.
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