Foto: Reprodução / Facebook
A semana termina com a confirmação que o apresentador José Luís Datena será candidato ao Senado por São Paulo pelo DEM. A novidade foi tratada por analistas políticos como uma injeção para a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República, já que o tucano pode surfar na onda de popularidade do novo aliado. Além do ex-governador paulista, o candidato ao Palácio dos Bandeirantes, João Doria (PSDB), também poderia “beber” na fonte do apresentador policialesco, com alguns anos à frente de programas populares nacionalmente. Datena é o que se convencionou chamar de “outsider”. Uma pessoa de fora do circuito político convidada para assumir uma candidatura a cargo público sob o prisma de não possuir “vícios” e estar repleto de “virtudes”. É como se fosse um projeto de herói redentor, porém numa versão tupiniquim e ligeiramente piorada (não que ideias assim sejam exclusivas do Brasil, Donald Trump serve de exemplo). A ideia do salvador da pátria aparece em Datena, mas também está presente em inúmeros outros nomes que buscam esse papel. Jair Bolsonaro, um político de carreira, se inspira nessa lógica de que apenas ele faria diferença na Presidência. O próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que insiste na candidatura ao Palácio do Planalto, também é apresentado como o único capacitado para recolocar o Brasil nos eixos – como se algum dia já estivéssemos estado nos eixos. Os brasileiros parecem depender desses “heróis”, muito mais próximos de Macunaíma do que algo que sirva para que tenhamos uma perspectiva otimista do país. Enquanto o país se enche de redentores como opção para voto, na Bahia ficamos restritos aos velhos caciques políticos. Por essas bandas, todavia, os candidatos estão ou estiveram em mandatos bem avaliados, mostrando que é possível ser político profissional e ter aprovação popular. Não há nenhum salvador da pátria ou qualquer perspectiva de heroísmo por parte dos nomes que devem estar nas urnas no próximo mês de outubro. Só não é por falta de vontade dos baianos em votar em figuras assim. Ou alguém acha que um Datena local não iria incomodar, ainda que ligeiramente, os poderosos coronéis políticos? Entretanto, não conseguimos formar ninguém assim nos últimos anos, para a sorte daqueles que conseguem discernir que a política deve ser feita por profissionais – ou ao menos por interlocutores que tenham real interesse no funcionamento do sistema. Em momentos assim, percebemos que não estamos tão mal quanto pensamos. Sempre poderia piorar. Este texto integra o comentário desta sexta-feira (29) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.
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