Foto: Reprodução/ Churrasco a Cavalo
Começa amanhã o prazo para que os partidos iniciem as convenções para definir os candidatos nas eleições de 2018. Entretanto, até o momento, são raras as legendas que parecem efetivamente saber o que vai acontecer até o próximo dia 5 de agosto. E essa indefinição não está restrita às candidaturas ao Palácio do Planalto, que seguem nebulosas. Chegam, principalmente, às chapas proporcionais, que não possuem um desenho claro de como devem ser configuradas para o pleito de outubro.
Tal situação não é decorrência apenas do prazo encurtado para a campanha eleitoral, provocado pela minirreforma eleitoral aprovada no Congresso Nacional. É sinal de que boa parte dos partidos está como “cego em tiroteio”, tateando as alternativas que possam viabilizar a existência das siglas em meio à cláusula de barreira. É a lógica de manter o status quo acima de qualquer outra demanda representativa da população.
Há tempos sabe-se que os políticos pouco focam nos anseios dos eleitores ao pleitear uma vaga. Isso foi uma construção da própria classe, fruto do descrédito criado ao longo dos últimos anos. E, mesmo diante de sucessivos escândalos, a maior parte ignora a necessidade de mudança.
Como o cenário pulverizado na corrida pela Presidência da República torna difícil prever o dia 8 de outubro, o foco primordial dos partidos é manter ou ampliar as cadeiras na Câmara dos Deputados. Não que a prioridade seja participar dos debates no Legislativo. É que, para além da cláusula de barreira, o número de deputados federais é decisivo para o acesso ao fundo partidário e ao tempo de rádio e televisão, principal moeda de negociação no momento de formação de chapas majoritárias em 2020 e 2022 – sim, os políticos não terminaram o pleito atual e já olham o horizonte de longo prazo.
É sintomático que nenhum nome considerado competitivo no cenário nacional tenha fechado a chapa completa, com presidente e vice. As chapas para a disputa ao governo da Bahia seguem um ritmo ligeiramente mais acelerado, mas não completamente desenhadas. Também é sintomático que as cenas proporcionais não estejam claramente definidas a menos de três meses da “festa da democracia” em outubro.
Para além de salvar a própria pele, em 2018, os políticos precisam convencer os eleitores a apertarem números nas urnas. Até o momento, isso não aconteceu. Bater cabeças desde agora sinaliza que o futuro não é apenas difícil de prever. É desalentador.
Este texto integra o comentário desta quinta-feira (19) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.
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