quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Richa passou a noite na sede da cavalaria da PM do Paraná

Richa passou a noite na sede da cavalaria da PM do Paraná
Foto: Ricardo Almeida/ANPr
Preso temporariamente sob suspeita de participação em fraude licitatória, o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), atual candidato ao Senado, passou a noite desta terça-feira (11) na sede da cavalaria da Polícia Militar do Paraná.

Richa foi encaminhado no fim da tarde ao Complexo Médico-Penal, mantido pelo governo paranaense, na região metropolitana de Curitiba —mesma prisão que os detidos pela Operação Lava Jato, onde já estão o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari e o ex-deputado André Vargas, entre outros investigados.

No entanto, após pedido da defesa, Richa e sua mulher, Fernanda Richa, foram levados para a sede da cavalaria da PM.

Também foram enviados para o Complexo Médico-Penal  ex-secretário de Infraestrutura Pepe Richa, irmão de Beto; o ex-secretário estadual Ezequias Moreira; o empresário Celso Frare; e os investigados Dirceu Pupo e Aldair Petry. Todos devem ficar na mesma ala dos presos da Lava Jato.

Eles foram presos a pedido do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do estado. No mesmo dia, uma nova fase da Operação Lava Jato, que tinha como alvo a gestão de Richa, também foi deflagrada pela Polícia Federal e prendeu o ex-chefe de gabinete do tucano, Deonilson Roldo.

Os investigados são suspeitos de terem participado de fraudes no programa Patrulhas do Campo, de recuperação e abertura de estradas rurais no interior do Paraná. O governo estadual cedia máquinas como escavadeiras, tratores e motoniveladoras a municípios do interior, para a abertura e manutenção de estradas. 

O ex-governador é apontado como chefe de uma organização criminosa que ordenava o recebimento de propinas de fornecedores do governo do Paraná, de acordo com o Ministério Público.

Segundo o juiz Fernando Fischer, que determinou a prisão, "há substratos nos autos que apontam que os investigados se associaram para constituir uma organização criminosa hierarquizada, que, mediante divisão de tarefas, realizaram crimes de fraude à licitação, corrupção e lavagem de dinheiro".

As prisões ordenadas pela Justiça Estadual são temporárias, válidas por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. A defesa de Richa nega irregularidades e afirma que a operação é "oportunista".

De acordo com o Ministério Público, foram investidos R$ 70 milhões nas licitações do Patrulhas do Campo. Pelo menos 2.000 km de rodovias foram recuperados ou abertos pelo programa na gestão do tucano, que governou o Paraná entre 2011 e 2018.

No total, 12 pessoas foram detidas, de um total de 15 mandados. Também estão presos o primo de Richa Luiz Abi Antoun; o ex-candidato ao governo do Paraná pelo PTC, Túlio Bandeira; e os empresários Emerson e Robinson Cavanhaga. 

Três investigados ainda não foram localizados: o empresário Joel Malucelli, que está em viagem no exterior; o ex-secretário estadual de Assuntos Estratégicos Edson Casagrande; e André Felipe Bandeira.

OUTRO LADO
A advogada Antonia Lélia Neves Sanches, que defende Richa, acusou o Ministério Público de "oportunismo" ao deflagrar a prisão em período eleitoral.

"Não há vedação [legal]. Há oportunismo", declarou. "Não há razão para esse procedimento, especialmente em período eleitoral." 

Sanches afirmou que o ex-governador está sereno e que sempre se dispôs a prestar esclarecimentos à Justiça. Ela deve entrar com um pedido de habeas corpus para libertar o tucano.

O advogado de Pepe Richa, Antonio dos Santos Junior, não quis dar declarações, bem como a defesa do ex-secretário Ezequias Moreira, que afirmou que irá se manifestar nos autos.

O defensor de Deonilson Roldo, Roberto Brzezinski Neto, disse que seu cliente sempre se colocou à disposição da Justiça e que jamais foi intimado para depor. Ele nega irregularidades.

A empresa Ouro Verde, cujo acionista Celso Frare foi detido, informou em nota que ofereceu locação de equipamentos para o governo do Paraná, e disse ter cumprido todas as obrigações legais, inclusive cobrando o governo na justiça por valores inadimplentes. A companhia nega participação em fraudes.

O empresário Joel Malucelli, dono da empreiteira J. Malucelli e de empresas de comunicação no Paraná, disse estar em viagem a trabalho na Itália. Ele negou envolvimento nas fraudes, disse que se desligou das atividades de sua empresa em 2012 e que as acusações são injustas.

O defensor de Túlio Bandeira, Edson Stadler, afirmou que não há provas contra seu cliente, e que irá pedir a revogação da prisão.

Os demais defensores não foram localizados até o início da noite desta terça.

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