Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil
A soma de abstenções, votos brancos e nulos apresentam tendências distintas ao contrapor o eleitorado da Bahia com o do Brasil como um todo. A nível nacional, o chamado não voto vem crescendo no segundo turno das disputas presidenciais desde 2002. Já no plano estadual, considerando o mesmo período, ele apresenta queda.
A disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra em 2002 provocou na Bahia um não voto de 36% do total do eleitorado do estado. No embate entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) no último domingo (28), o percentual passou para 29,08%. Entre as duas eleições, apenas a de 2006 foi um ponto fora da curva. Nas demais, a tendência de queda se confirmou.
Considerando todo eleitorado brasileiro, no entanto, o não voto atingiu uma marca histórica neste domingo. Pela primeira vez desde pelo menos 2002, uma disputa de segundo turno pela Presidência teve índice acima de 30% de não voto. Nas eleições anteriores, houve oscilação, mas indicando um crescimento das abstenções e dos votos nulos e brancos.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o cientista político Cláudio André Souza, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), levantou hipóteses para essas diferentes curvas. O crescimento do não voto pode estar relacionado à frustração do eleitorado com a política. Por outro lado, a queda dele teria a ver com o acirramento da disputa deste ano.
"O caso da Bahia talvez tenha uma relação muito prevalecente por conta do apelo da população", comentou Cláudio. "A radicalização das eleições propicia um aumento do interesse do eleitorado", explicou.
O cientista político ressaltou que a rejeição ao sistema político pode ter cumprido um papel importante dentro do cenário desta eleição, contribuindo para o desinteresse do eleitor em ir às urnas e optar por um candidato. "Talvez as abstenções e os votos brancos e nulos se refiram a esse fator. Uma crítica muito contundente ao sistema político", avaliou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário