Foto: Camila Souza / GOVBA
Estudantes de medicina de todas as universidades públicas e privadas da Bahia estão impedidos legalmente de iniciarem os estágios curriculares, conhecidos como internato, no começo deste ano.
Travando a matrícula de internos desde dezembro de 2018, um mandado de segurança a favor bloqueio foi concedido pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) após questionamento da faculdade privada Instituto Avançado de Ensino Superior de Barreiras (IASB).
A instituição particular do oeste contestou na Justiça a criação de uma cobrança por parte da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) que cobrisse os custos dos alunos da rede particular que optarem por realizar o internato nos hospitais escola do sistema público baiano.
A medida liminar que impede a chegada de novos internos, prejudica o atendimento nos hospitais ao reduzir o contingente profissional das unidades, de acordo com o Centro Acadêmico do Curso de Medicina da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Secretário de saúde do estado, o médico Fábio Vilas Boas defendeu a criação da taxa que virou caso de Justiça. “Um aluno implica gasto quando entra no hospital para estagiar. Não só com insumos, como exemplo de luvas e máscaras, mas também por aumentar o tempo de internação do paciente, pelo aumento da solicitação de exames, tempo do médico que acompanhará o estudante e uma série de gastos que ele gera”, justificou.
A cobrança foi incluída no edital para novos internos, protocolado em dezembro pela Sesab, e vigorava há três anos. O modelo, segundo Vilas Boas, replica o de outros estados do Brasil.
AUMENTO DE MENSALIDADES
As instituições de ensino pagas são obrigadas por lei a oferecer unidades hospitalares dentro da sua estrutura, mas, mesmo assim, muitos alunos procuram a rede pública para os estágios obrigatórios.
“As faculdades particulares simplesmente usavam a rede do governo e não esperavam nenhuma contrapartida”, ponderou Vilas Boas. Na ação na Justiça, a IASB alegou que a taxa poderia aumentar em até 77% a mensalidade dos cursos no oeste do estado.
Após o bloqueio judicial, Vilas Boas foi até Brasília para tentar uma solução. “Fui até ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na última semana para tentar derrubar a liminar, mas não consegui. O que conseguimos foi, nesta segunda-feira (4), reunir os reitores das universidades públicas e reativar um convênio que a secretaria tinha com eles para que os alunos possam ser alocados nos estágios obrigatórios”, falou o secretário.
O governo também procurou a IASB, que decidiu entrar com um pedido de desistência da ação. Ainda não computado até a publicação desta reportagem, a liminar continua a atrasar o ingresso dos estudantes no internato iniciado entre janeiro e março de 2019.
Em nota, o Centro Acadêmico do Curso de Medicina da UNEB alegou que a paralisação cria uma sobrecarga de trabalho de médicos e residentes. “Pode haver um enorme prejuízo na formação dos estudantes e também um problema de saúde pública no estado, pois os estagiários desempenham importantes funções nestes serviços de saúde atendendo a população”, declarou Marco Aurélio, presidente do centro estudantil.
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