Foto: Reprodução / Google Street View
No Dia Mundial de Luta Contra o Câncer (8 de abril), o cirurgião oncológico do Centro Estadual de Oncologia da Bahia (Cican) apontou as deficiências e os aspectos e pontos necessários para o aprimoramento e consequente melhora e abrangência do atendimento médico oncológico na rede pública de saúde da Bahia.
O Cican é um centro ambulatorial especializado no diagnóstico e tratamento do câncer. Os pacientes chegam até a unidade através da regulação e por demanda espontânea. O centro atende as especialidades de ginecologia, mastologia, oncologia clínica, urologia, dermatologia, proctologia, anestesiologia, terapia da dor e cirurgia geral.
Apesar da especialidade em oncologia, o centro possui apenas um cirurgião oncológico, o próprio André Bouzas. Os demais cirurgiões do Cican são especialistas em determinados órgãos ou tecidos, mas não em oncologia, mesmo que toda cirurgia para tratamento do câncer seja uma cirurgia oncológica.
Bouzas ressaltou a necessidade de mais especialistas em cirurgia oncológica na unidade de saúde, mas garantiu que a falta deste tipo de especialidade nos profissionais atuantes no Cican não traz prejuízos. "O ideal seria que tivesse mais cirurgiões oncológicos. Mas a gente tem algumas limitações, de contratações mesmo", disse.
"O corpo clínico é basicamente composto de colegas que fizeram o concurso público, e na época não tinha concurso para cirurgião oncológico, então tem essa limitação. Mas os colegas que atuam no Cican estão há bastante tempo atuando lá, tem formação e condições de atendimento, diagnóstico e tratamento dessas lesões", explicou Bouzas.
A necessidade de uma estrutura hospitalar completa, corpo clínico maior, oferta de exames mais avançados e ampliação do centro cirúrgico estão entre os pontos apontados por Bouzas para o aperfeiçoamento do atendimento oncológico na unidade de saúde.
"O Cican é um centro ambulatorial, então para a gente conseguir dar mais oferta de diagnósticos e tratamento para os pacientes o ideal seria que nós tivéssemos uma estrutura hospitalar. Para poder dar retaguarda para pacientes graves na UTI, na emergência, um centro cirúrgico com um porte maior, a presença de cirurgiões oncológicos, que teriam uma atuação mais importante no tratamento dessas doenças. Além disso, um corpo clínico maior, exames mais avançados, isso ajudaria muito na oferta e qualidade de atendimento para nossa população", ressaltou o médico.
Atualmente pacientes diagnosticados com tumores sólidos, aqueles de alta complexidade, são encaminhados para cirurgias no Hospital das Clínicas, Hospital da Mulher ou Roberto Santos.
O especialista ainda destacou a importância do diagnóstico nos estágios iniciais do câncer para efetividade do tratamento. Nos casos em que isso não ocorre e que a cirurgia oncológica já não é uma opção, o tratamento realizado é o paliativo, a fim de amenizar a dor do paciente.
"Chega uma quantidade considerável de pacientes nesse estágio, muitas vezes porque ele não consegue chegar ao diagnóstico, tem dificuldade de acesso na rede básica, dificuldade de conseguir através dos seus sintomas chegar a fazer um exame específico para poder diagnosticar", constatou Bouzas.
Uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), previu que entre 2018 e 2019 a Bahia teria cerca de 14,5 mil novos casos de câncer em homens e 13 mil em mulheres.
Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) foram registradas 26.370 internações por neoplasias malignas na rede estadual de saúde no ano de 2018. O estado possui, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), 264 leitos cirúrgicos para oncologia, desses 163 são SUS. Em relação aos leitos de clínica oncológica a Bahia possui 352, sendo 236 SUS.
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