Foto: Divulgação
Professores da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) iniciaram na última terça-feira (4) um acampamento em frente à Secretaria de Educação, no Centro Administrativo da Bahia. Com a chuva desta quarta, chegaram a “invadir” a Secretaria de Ciência e Tecnologia. A medida parece extrema, porém é apontada como uma alternativa final da categoria em reabrir uma rodada de negociações palpável com o governo para encerrar a paralisação de quase dois meses. No entanto, os sinais não parecem positivos.
Com origem no movimento sindical, o governador Rui Costa está longe de ser o melhor dos gestores para os servidores. Desde a sua chegada ao Palácio de Ondina, a maioria das categorias reclama da forma como Rui lida com as mobilizações. Sob a justificativa de manter as contas equilibradas, o governo concede pouco ou muito pouco quando existe algum tipo de tensão e, ainda assim, os sindicatos se mantêm silentes, pelo pleno controle de partidos do arco de alianças em torno do petista. Aí reside a diferença desse movimento paredista: a influência de um partido de oposição a Rui nas decisões.
Mesmo que o governador tenha optado por não falar com todas as letras que o PSOL tem tido protagonismo na paralisação dos professores das universidades estaduais, são pessoas ligadas ao partido que têm acirrado os ânimos. É óbvio que eles não manipulam a categoria ao seu bel favor, como pode parecer. De acordo com grevistas, há pessoas ligadas ao PSOL, ao PT, ao PCdoB e também as despartidarizadas (desculpem o neologismo, mas não encontro outra expressão que resuma melhor esse grupo). Só que Rui, ao invés de adotar uma posição de diálogo com essas diversas forças, tem preferido o confronto direto. É uma opção. Arriscada, mas uma opção.
A margem de concessões por parte do governo é realmente pequena. O relatório do Tribunal de Contas do Estado sobre as contas de 2018 sinaliza que o limite de gastos com pessoal está muito próximo do teto e isso dificulta uma política de reajustes para o serviço público. Como o contexto nacional inclui o atraso no pagamento de vencimentos em diversos estados, Rui usa a seu favor o histórico de nunca ter tido problema com a folha. Só que não é apenas isso que os professores reclamam.
A possibilidade de que as alterações no Estatuto do Magistério Superior sejam feitas apenas com a discussão com os professores é, por exemplo, algo razoável. Porém é muito mais fácil usar a força das urnas e de uma base aliada elástica do que conversar. Esse é apenas um dos pontos possíveis e que não existe uma sinalização pública de que o governo pode conversar.
Rui frisa que não há possibilidade de conversas enquanto os professores seguirem em greve. Tanto que o governo endureceu a relação e chegou a cortar o ponto daqueles que estiverem parados. É a forma mais fácil de sufocamento do movimento. E algo que eu imagino que o jovem sindicalista Rui protestaria contra. Os tempos são outros, não é mesmo? Pena que, enquanto isso, os estudantes seguem sem aulas e as universidades continuam paradas.
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