sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Após novo regime do trabalho, organizações sociais ainda são alvo de dúvidas na educação

Após novo regime do trabalho, organizações sociais ainda são alvo de dúvidas na educação
Foto: Divulgação
Apesar de ser apontada como esperada pelos educadores, a regulamentação do regime de trabalho dos diretores, vice-diretores e secretários escolares da educação estadual da Bahia levantou questionamentos entre a categoria. O decreto especifica a carga horária, as atribuições e determina a dedicação exclusiva desses profissionais nas escolas da rede estadual . Mas não deixa claro como essas funções conversam com o modelo de gestão escolar por organizações sociais (OS), anunciado pela Secretaria de Educação (SEC). 

A regularização dos diretores e vice-diretores era aguardada desde a determinação de que esses profissionais não poderiam acumular cargos. Com ela, os problemas apontados pelos gestores mudaram. "Tem muito vice reclamando que perdeu gratificações, agora a dedicação exclusiva é que está pegando um pouco porque não se esperava uma dedicação exclusiva sem receber por isso”, reclamou uma vice-diretora ao BN.

Quanto ao modelo de gestão por OS, baseado em um case da Paraíba , prevê que a iniciativa privada contribua com a gestão escolar através de uma parceria com os diretores e vice-diretores. A SEC garante que o projeto de parceria com o Programa Estadual de Organizações Sociais tem o objetivo de dar suporte administrativo e operacional às unidades escolares em serviços como limpeza, alimentação e manutenção preventiva e corretiva. Com isto, os gestores escolares receberiam o suporte administrativo e operacional, tendo melhores condições de trabalho para o desenvolvimento das práticas pedagógicas e do processo de ensino e aprendizagem dos estudantes.

Ao Bahia Notícias, a Secretaria da Educação afirmou que continuará definindo as políticas pedagógicas e os resultados a serem alcançados pelas escolas. Os diretores continuarão liderando e tomando as decisões em suas escolas. E explicou que “a intenção é a de que haverá um parceiro para auxiliar na prestação de serviços de suporte de maneira mais eficiente”.

O movo modelo de gestão, no entanto, não está claro para os atuais gestores, que temem a interferência externa nas instituições de ensino. “Essa forma nova de administração do governo com a parceria com as Organizações Sociais ainda está escura pra gente", comentou uma gestora escolar.

“Tenho posicionamento contrário. Acredito que a educação pública não deve, em hipótese nenhuma, servir a interesses privados. Imagine que essas Organizações Sociais, que atendem a interesses privados, irão participar da gestão escolar de escolas públicas”, lamentou outro diretor que criticou a falta de diálogo e consulta da SEC com a comunidade escolar.

O estudo sobre a implementação do projeto e uma portaria foram apresentados pelo secretário de Educação da Bahia, Jerônimo Rodrigues, aos conselheiros do pleno do Conselho Estadual de Educação, de acordo com a presidente do órgão, Ana Tércia Contreiras. Entretanto não foi requerido ao órgão que se manifestasse.

"Não houve nenhuma solicitação formal da SEC ao conselho pedindo um pronunciamento sobre a matéria. O que seria proposto no edital ao conselho. Tivemos algumas reuniões com o secretário, apresentamos alguns comentários que foram apontados pelos conselheiros, mas não foi solicitado um pronunciamento formal. Não tem um parecer sobre a matéria. As formas do Conselho se manifestar são por parecer, deliberação ou resolução", comentou a Ana Tércia.

Para o Conselho se manifestar é necessário que um parecer seja solicitado, a não ser que haja alguma denúncia e que o Conselho julgue que alguma política educacional mereça um pronunciamento.

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