Foto: Reprodução/ Gestão Educacional
O Bahia Notícias divulgou ao longo da última semana uma série de pesquisas de intenção de voto em cidades da Região Metropolitana de Salvador para 2020. Os números, como sabemos, representam um momento específico e até as eleições podem mudar. No entanto, é bacana observar que detentores de mandato tendem a pontuar melhor nas intenções de voto. Não apenas pela memória recente da população, já que no último pleito essas pessoas figuraram nas urnas. Mas porque a máquina tem papel relevante no processo político-eleitoral.
Em algumas situações, a disputa chega a ser injusta com o processo de renovação necessário na democracia. O estatuto da reeleição, vigente desde 1998 e implantado sob muita suspeita, mostrou que são raras as exceções em que os que estão no poder não acabavam reconduzidos. O poderio financeiro é um fator preponderante. E a legislação, por mais que imponha limitações, não coíbe inteiramente práticas eleitorais fora do período de eleição.
O impacto não é apenas para o gestor em campanha de reeleição, mas também para aqueles que são apoiados por quem está no poder. Um exemplo claro, apesar de ausente nessa rodada de pesquisas, é o nome do vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis. Ele é o candidato do prefeito ACM Neto e, caso não aparecesse com esse aval, dificilmente pontuaria bem nas fases preliminares da corrida pelo Palácio Thomé de Souza em 2020.
No Congresso Nacional, o questionamento à reeleição quase sempre retorna como um tema tangencial. Deputados federais, principalmente, evitam falar claramente sobre o tema. Mesmo porque a lógica é válida para a manutenção do estatuto no Executivo e encontra ressonância também no Legislativo. Há uma recorrência em reeleições consecutivas que impedem uma renovação expressiva das Casas – e isso acontece da Câmara de Vereadores de uma pequena cidade do interior da Bahia até a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal.
Apesar de toda a suposta força da “nova política”, não há como negar que os personagens do circo político façam um esforço imenso para manter o status quo. Essa suposta defesa da renovação dos atores é restrita ao outro, pois poucos estão dispostos a abrir mão das regalias e privilégios obtidos ao longo dos últimos anos. Por essa razão, mexer na reeleição é um como tocar em um vespeiro sem qualquer proteção. Um risco que quase ninguém está disposto a correr.
Ainda que as pesquisas divulgadas sirvam apenas como parâmetros iniciais, esses sinais de preponderância daqueles que estão com a chave do cofre – ou dos amigos daqueles que detém ela – são concretos. Caso alguém queira alterar essa condição, é preciso investir desde agora para se tornar uma alternativa política. Se bem que, a essa altura do campeonato, 2020 pode estar muito em cima...
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