Olívia Santana é pré-candidata a prefeita pelo PCdoB | Foto: João Brandão/ BN
Mais uma vez os partidos nanicos buscam um lugar ao sol. E, coincidentemente, a movimentação aconteceu dos dois lados da moeda política da Bahia. De um lado, o histórico PCdoB lançou o nome da deputada estadual Olívia Santana para a prefeitura de Salvador. Do outro, MDB, PTB, PSC e SD fizeram um encontro para garantir que marcharão coesos nas principais cidades da Bahia, incluindo a capital baiana. No fundo, todas essas legendas estão focadas em sobreviver eleitoralmente e querem utilizar o pleito de 2020 para arregimentar apoios para a eleição majoritária dois anos depois. É uma tentativa de evitar o começo do fim.
Entre os comunistas, ficou explícito que não chegou a haver um consenso em torno de Olívia. A deputada federal Alice Portugal não foi à coletiva para o anúncio e justificou incompatibilidade de agenda. Se alguém acredita nessa desculpa, talvez seja ela. A parlamentar teve a candidatura em 2012 abortada, quando o bonde da história estava a seu favor e, em 2016, teve um resultado pífio na corrida pelo Palácio Thomé de Souza. Agora, seria natural a substituição, mas ainda assim ela queria estar na disputa. Perdeu o embate para Olívia que, finalmente, poderá tentar ser prefeita.
A deputada estadual reúne características consideradas relevantes para a discussão por ser mulher e negra. Porém dificilmente deve conseguir viabilizar apoio de outras legendas, como PT, PSD e PP, que tendem a marchar juntas na disputa por Salvador. No entanto, é importante a demarcação de território, tanto do ponto de vista político quanto eleitoral. Com o fim das coligações proporcionais, o PCdoB não parece muito afeito a viver na sombra petista, como acontece nos planos nacional e estadual, já que precisa construir uma bancada na Câmara.
Já a união de MDB, PTB, PSC e SD serve como uma tentativa de equilibrar forças com outras legendas. Os emedebistas não chegam a ser nanicos nacionalmente, mas na Bahia se tornaram minúsculos e cada vez mais enfraquecidos após o desastre Vieira Lima. Já os demais sofrem com o risco de, no futuro, serem atingidos pela cláusula de barreira – mesmo problema do PCdoB. Unindo forças, é maior a chance de obterem algum tipo de êxito na negociação para as alianças nas cidades de maior porte, que podem render votos em 2022. Benito Gama, Luciano Araújo e Heber Santana saíram frustrados das urnas ano passado e precisam se recapitalizar para que se manterem na cena pública.
Não é a primeira vez, inclusive, que essas legendas flertam conjuntamente. O rascunho vinha se desenhando há alguns meses, sob a batuta do presidente da Câmara de Salvador, Geraldo Jr., que tenta se viabilizar para uma disputa na capital baiana. Apesar de tentar ser candidato a prefeito, o presidente da Câmara quer garantir ao menos um espaço como vice ou, no mínimo, uma reeleição tranquila para o Legislativo soteropolitano.
Enquanto os grandes partidos ainda seguem discutindo internamente quais as melhores estratégias para 2020, as siglas menores tentam encontrar um lugar nesse tabuleiro. Não chega a ser uma disputa de foice, pois estamos a muito tempo da eleição. A lógica dessa movimentação, todavia, é única: quem chega primeiro à fonte, tende a beber água mais limpa. Resta saber se essa água não está remexida pelo passado.
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