terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Desempenho do Bahia não ajuda Bellintani a ser candidato a prefeito de Salvador

Desempenho do Bahia não ajuda Bellintani a ser candidato a prefeito de Salvador
Foto: Felipe Oliveira/ EC Bahia
A candidatura de Guilherme Bellintani à prefeitura de Salvador sequer foi oficializada e corre o risco de não sair do plano das ideias para 2020. O presidente do Esporte Clube Bahia vinha em uma crescente até o time desandar. Após um primeiro turno de Campeonato Brasileiro muito melhor do que anos anteriores, o clube deixou a desejar na reta final do campeonato. E esse desempenho impacta diretamente na tentativa de Bellintani se lançar como candidato competitivo nas eleições do próximo ano.

Oficialmente, o presidente do Bahia nunca se colocou como postulante ao Palácio Thomé de Souza. Permaneceu durante todo o tempo em cima do muro, apesar de flertar com alguns partidos e ter realizado conversas prévias com legendas que integram a base do governador Rui Costa. Bellintani é um nome que surgiu publicamente em secretarias da prefeitura de Salvador, mas vinha conseguindo fazer uma transição para uma posição de independência com certa tranquilidade. Se do ponto de vista eleitoral ele era cauteloso, o tricolor não ajudou.

Caso o Bahia se classificasse para a Libertadores, como foi cogitado durante boa parte do Brasileirão, a paixão do torcedor impulsionaria uma campanha ao comando de Salvador. Não foram raras as vezes em que dirigentes esportivos migraram para a política tradicional. O próprio tricolor já lançou nomes como Marcelo Guimarães Filho e garantiu cadeiras no Legislativo. Já no Executivo, seria a primeira vez. Não deve ser mais, pelo menos em 2020.

Bellintani perdeu o timing para se apresentar efetivamente como candidato. Quando o clube estava em alta, admitir que conversava com legendas como o PSB não seria de todo ruim. Porém o presidente do Bahia optou por seguir apenas nos bastidores. As conversas não foram negadas, mas jamais foram integralmente públicas. O dirigente oscilava entre dedicação exclusiva ao tricolor e o início de negociações políticas, ainda que em gestação. A coisa não andou e deixar o clube sem a bola estar tão alta pode ser uma aventura maior do que pareceria há um ou dois meses atrás.

Ainda há outro desafio que dificilmente Bellintani iria transpor: construir uma unidade em torno do nome dele com partidos como o PT, o PSD e o PP, as três grandes forças políticas da base de Rui Costa. Os petistas, por exemplo, têm pré-candidatos para “dar e vender”, a depender do interesse do eleitor. E tradicionalmente jamais abriram mão de uma candidatura para um “novato” que chegou de fora. Chegar por último no ônibus e sentar na janela nunca foi algo bem visto no âmbito dos partidos em geral.

Isso não quer dizer que o presidente do Bahia tenha jogado a toalha. Até que ele fale publicamente sobre o assunto, ainda surgirão especulações em torno da virtual candidatura dele a prefeito. Todavia, com o tricolor ainda desapontando os torcedores, talvez seja melhor adiar o sonho de governar Salvador – ou ao menos de tentar comandar a cidade. Deixando o Bahia bem em 2023, após um segundo mandato como presidente, talvez Bellintani se torne um candidato muito mais competitivo em 2024. Parece longe demais, mas pra política e pro futebol isso nunca foi um problema.

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