Foto: Reprodução/ Redes sociais
"O mundo voltou a confiar no Brasil". Essa foi uma das afirmações presentes no pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na véspera de Natal. Ele mantém o otimismo típico de governantes. Não deixa de ser algo importante para o posto em que ele está. Porém dizer que o mundo voltou a confiar no Brasil quando nem o próprio Brasil confia tanto assim nos rumos do país é ligeiramente controverso. Não que o país esteja tão mal. Só está um pouco longe desse universo perfeito que Bolsonaro pregou ao lado da esposa, Michele.
Fora os cerca de 20% dos brasileiros que ainda mantém altos índices de confiança no governo do presidente, já é crescente o número de pessoas que reclamam dos excessos de polêmicas que marcaram esse primeiro ano de Bolsonaro no Palácio do Planalto. Raros foram os dias em que o Executivo não acabou acossado com trapalhadas do presidente, seus assessores e seus familiares. Ou alguém consegue fingir que tudo foi perfeito como pregou a mensagem natalina em rádio e televisão?
Até o próprio "mundo" citado pelo chefe da nação não seguiu esse ritmo de confiança todo. Vide as derrapadas da não política ambiental, as gafes diplomáticas e a subserviência ao poderio de Donald Trump. Houve avanços, porém sempre com um viés ideológico tão forte que é preciso ser negado com frequência. O Brasil pode ser uma potência na economia, na diplomacia e em áreas diversas, como a ambiental. Só não será se insistirmos em conduções erráticas como as acontecidas ao longo dos últimos meses. Há quem acredite que esse é o caminho certo. Não é isso que a história sinaliza.
Bolsonaro teria tudo para ser uma guinada para outros rumos do país. Pena que desperdiça essa oportunidade enfrentando tantos moinhos de vento e monstros criados pelo próprio entorno. A presidência da República, que até então vestia bem homens e mulheres que ocupavam o posto, esteve um pouco maltrapilha em 2019. No entanto, o espírito de Natal tende a aumentar o otimismo diante das adversidades que vivemos. Assim um túnel de expectativas se retroalimenta a cada novo ciclo que se inicia.
Entretanto, é importante que mantenhamos os pés fincados no chão para evitar que fiquemos cegos diante das promessas e discursos milimetricamente produzidos. Mesmo porque o Bolsonaro ouvido e visto na noite do dia 24 não necessariamente é o mesmo que dispara petardos diariamente à frente da Alvorada enquanto é aplaudido por uma horda de apoiadores, que insistem em tapar o sol com a peneira.
Se você faz parte do grupo daqueles que não segue com a tal "confiança" pregada pelo presidente, bem-vindo ao clube! E isso definitivamente não quer dizer que torço contra o nosso atual mandatário. Apenas não consigo confiar no mesmo nível que "a grande maioria dos brasileiros", para parafrasear o presidente.
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