Foto: Priscila Melo/ Bahia Notícias
O deputado federal Nelson Pelegrino (PT) não deve admitir, porém viu as chances de ser candidato a prefeito de Salvador reduzirem drasticamente. Foi quando tomou posse como secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia, uma posição que ficou vaga depois que o antigo titular se desinteressou pelo posto. Ao assumir a posição, Pelegrino entendeu os riscos de não ser liberado logo em abril, no período de desincompatibilização. Por isso o sonho do Palácio Thomé de Souza ficou mais distante.
O governador Rui Costa tende a não fazer uma nova substituição na Sedur em tão pouco tempo. Apesar de ser bem avaliado enquanto gestor, Rui sabe que sucessivas trocas no primeiro escalão fragilizam, mesmo que simbolicamente, quem herda os postos e o próprio governador. E é meio óbvio que uma figura como Rui rejeita qualquer possibilidade de demonstrar fragilidade. Ele é dono de si e o centralismo dele reforça essa característica.
Pelegrino é só um exemplo de como o PT e o próprio Rui falharam na construção de novas lideranças políticas na Bahia. Diferente do ex-governador Jaques Wagner, que sacou Rui da cartola com muita antecedência e o deixou em evidência para a candidatura em 2014 - transformando o à época ilustre desconhecido em governador. Desde 2015, quando Rui assumiu, nenhum expoente emergiu na política local, apenas os mesmos velhos conhecidos e, no máximo, os herdeiros consaguíneos. Diferente do grupo adversário, que fez surgir nomes como Léo Prates, Bruno Reis e o próprio Guilherme Bellintani.
A ida de Pelegrino para a Sedur é praticamente um atestado de que o PT identificou a ausência de um nome do próprio quadro com condições de competir bem na disputa pela prefeitura de Salvador. Os outros três nomes apresentados são pesados por si e dificilmente serão competitivos, mesmo no comparativo com outros nomes do grupo de aliados do governador. Assim, PCdoB, Avante e até mesmo o PSB têm chances mais palpáveis numa eventual disputa com Bruno Reis. Esse cenário é resultado de uma aposta errada do passado e com reflexos diretos no presente.
Resta agora ao arco de alianças de Rui definir qual a melhor estratégia para demarcar espaço e evitar uma derrota acachapante, que poderia potencializar ainda mais a ascensão de ACM Neto e sua candidatura ao governo em 2022. Quem diria que, tantos anos depois, Pelegrino e o vitorioso em 2012 estariam aparecendo como protagonistas de um mesmo momento político? A vida dá muitas voltas.
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