Foto: Montagem/ Bahia Notícias
Grandes expectativas tendem a render grandes decepções. Principalmente no campo político brasileiro. Foi assim com o PT e o período pós-Dilma Rousseff, após muitos brasileiros ficarem desapontados com as ações de petistas que estiveram no poder. Quando Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Palácio do Planalto, havia um sentimento de esperança de que o Brasil seria o país do futuro. Passados 17 anos, agora com um novo governante, a nação passou a viver sob a mesma expectativa. E, tal qual no passado, deve se decepcionar. E não é preciso muito esforço. Basta ver os primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro.
Lula e Dilma viveram um dos melhores momentos econômicos da história do Brasil recente. Inflação e dólar controlados, PIB registrando crescimento e avanço nas relações comerciais com blocos e com países estrangeiros. O PT incorporou elementos do pragmatismo econômico e, sob tutela de figuras como Henrique Meireles no comando do Banco Central, não fez feio na primeira década de poder. Até que Dilma desandou e cometeu sucessivos erros na política econômica que levaram o país à crise da qual ainda não saímos – e que deve durar por mais tempo, infelizmente.
Bolsonaro surgiu então como o representante daquilo que o antipetismo representou para o país, na concepção da maior parte dos eleitores que foram as urnas em 2018. O então deputado federal venceu no segundo turno e iniciou a implantação das suas propostas, muitas consideradas aventuras de um “inexperiente” parlamentar que chegou ao Planalto. Paulo Guedes e Sérgio Moro se tornam os grandes balizadores e freios do novo presidente da República, que, aos poucos, seria “domado” pelo cargo. Não aconteceu. Na verdade, parece que o que aconteceu foi o contrário.
De janeiro até aqui, foram inúmeras polêmicas. Para o eleitor mais fiel, no entanto, tudo não passa de um desmedido ataque da imprensa e de setores progressistas da sociedade, que insistem em criticar um recém-chegado ao comando da nação. Só que esse título de novato já começa a não vingar mais como justificativa para a falta de política ambiental, os projetos de lei que prometem excludente de ilicitude para conter protestos ou até mesmo para as sugestões esdrúxulas da possiblidade de um novo AI-5. É preciso reconhecer que, uma hora, Bolsonaro tem que ser tratado como presidente e não mais como um imaturo candidato.
Por incrível que pareça, esse excesso de expectativa em torno do governo de Bolsonaro o aproxima da esperança com a chegada de “Lulinha paz e amor”. E, como aconteceu com a onda do antipetismo que emergiu com força nas urnas, é provável que, não havendo uma mudança de rumo, o antibolsonarismo siga um ritmo mais acelerado do que os decepcionados com Lula e companhia. Como disse o senador Jaques Wagner ao avaliar os erros do próprio partido, “o pecado do pregador é sentido muito mais do que o pecado do pecador”.
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