Após o presidente Jair Bolsonaro ser criticado por ataques à imprensa nos últimos dias, o governo federal divulgou ontem a reedição de uma cartilha sobre a proteção de jornalistas e comunicadores no Brasil. Elaborado pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves, o texto traz uma nova edição do documento, lançado no governo de Michel Temer, e prevê que "as autoridades públicas têm a obrigação de condenar veementemente agressões contra jornalistas". O manual diz ainda que "os agentes do Estado não devem adotar discursos públicos que exponham jornalistas".
Na semana passada, Bolsonaro criticou em ao menos duas ocasiões a editora do BR Político e colunista do Estado, Vera Magalhães. Bolsonaro acusou a jornalista de mentir ao divulgar que ele compartilhou dois vídeos para seus contatos no WhatsApp, convocando para manifestações do dia 15 de março. Os atos têm como foco a defesa do governo e críticas ao Congresso.
Na ocasião, o presidente afirmou que a jornalista fez um "trabalho porco" ao noticiar o envio dos vídeos, que seriam de uma manifestação de 2015. Naquele ano, porém, Bolsonaro era deputado, e não presidente, e a facada sofrida por ele – que aparece na gravação – ocorreu na campanha de 2018. O presidente ainda atacou Vera ao dizer não ser da "laia" dela e fez insinuações ao caráter da colunista. Na semana anterior, o presidente já havia feito insinuações de cunho sexual sobre o trabalho da jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo. "Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim", disse Bolsonaro aos risos na ocasião a um grupo de apoiadores.
Na cartilha, consta que é "essencial" que o governo adote uma política pública geral de prevenção da violência e crimes contra jornalistas e outros comunicadores. O objetivo é "sinalizar para a sociedade que essas práticas constituem graves ameaças à democracia".
"As autoridades públicas têm a obrigação de condenar veementemente agressões contra jornalistas e outros comunicadores e comunicadoras e encorajar as autoridades competentes a agir com a devida diligência e rapidez na investigação dos fatos e na punição dos responsáveis", diz trecho do documento.
"Os agentes do Estado não devem adotar discursos públicos que exponham jornalistas e outros comunicadores e comunicadoras a maior risco de violência ou aumentem sua vulnerabilidade. É essencial que autoridades estatais reconheçam constante, explícita e publicamente a legitimidade e o valor do jornalismo e da comunicação, mesmo em situações em que a informação divulgada possa ser crítica ou inconveniente aos interesses do governo", afirma a cartilha.
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