Foto: Reprodução/ Mais Fé
É tempo de sacrifício coletivo e não apenas das camadas menos abastadas da população, como alguns governantes ensaiaram provocar. Para além do uso de recursos do orçamento público para o combate ao novo coronavírus, é preciso também que todos os Poderes da República façam algum tipo de “doação”. O desafio é fazer com que membros dos Executivos, dos Legislativos e dos Judiciários “sofram” no bolso os impactos dessa crise com a Covid-19. Até aqui, na prática, o que se viu foi a alocação de dinheiro público para conter o contágio em massa.
Empresários, trabalhadores do setor privado, informais e desempregados são os mais atingidos pelas medidas restritivas aplicadas por governadores e prefeitos - a União ainda segue omissa nessa questão. Enquanto a iniciativa privada caminha para pagar a conta da Covid-19 no Brasil, o funcionalismo público mantém um nível de tranquilidade e de privilégio que não caberia no contexto atual. Se é para colocar um pouco de sangue no altar, talvez seja relevante estender essas doações involuntárias também a esse setor. Porém, na medida em que as restrições são impopulares, mexer com o funcionalismo não é um vespeiro atraente.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, até flertou com uma redução salarial para parlamentares. É algo muito incipiente e cujo efeito prático é pequeno. Cortar penduricalhos e regalias seria muito mais útil, porém sem a lógica marqueteira de “dar sua contribuição”. Esses benefícios “escondidos”, como um número gigantesco de cargos de confiança e de reembolsos, não são tão visíveis. Abrir mão do fundo eleitoral e do fundo partidário, por exemplo, teriam muito mais impacto do que esse “gesto”. Quem aposta que essa “doação” vai acontecer integralmente?
Ah, antes que citem as emendas parlamentares direcionadas para o combate ao coronavírus como um ato de nobreza, isso engana quem não entende que esse dinheiro nunca foi dos deputados, federais ou estaduais, e senadores. É recurso público que teria uma destinação alheia e que, em um momento de crise, deveria ser automaticamente transferido para a calamidade ao invés de servir como “moeda” com as bases eleitorais. Aqui não tem nenhum menino.
E o Judiciário? Que tal falar dos anexos aos salários que permitem que os rendimentos ultrapassem o teto constitucional? Ou também do inchaço da folha salarial da mãe Justiça, que paga salários astronômicos para funções simples? Não precisa ser para sempre, é só enquanto durar essa crise sem precedentes no passado recente. Se bem que, no alto da zona de conforto, é melhor não arriscar perder esses benefícios, não é mesmo?
Não precisa ser a morte de Isaque, como quase fez Abraão na Bíblia. E também não precisa ser um cordeirinho, já que estamos numa fase de politicamente correto. Porém coçar o bolso é algo que cabe para todo mundo.
Foto: Reprodução/ Mais Fé
É tempo de sacrifício coletivo e não apenas das camadas menos abastadas da população, como alguns governantes ensaiaram provocar. Para além do uso de recursos do orçamento público para o combate ao novo coronavírus, é preciso também que todos os Poderes da República façam algum tipo de “doação”. O desafio é fazer com que membros dos Executivos, dos Legislativos e dos Judiciários “sofram” no bolso os impactos dessa crise com a Covid-19. Até aqui, na prática, o que se viu foi a alocação de dinheiro público para conter o contágio em massa.
Empresários, trabalhadores do setor privado, informais e desempregados são os mais atingidos pelas medidas restritivas aplicadas por governadores e prefeitos - a União ainda segue omissa nessa questão. Enquanto a iniciativa privada caminha para pagar a conta da Covid-19 no Brasil, o funcionalismo público mantém um nível de tranquilidade e de privilégio que não caberia no contexto atual. Se é para colocar um pouco de sangue no altar, talvez seja relevante estender essas doações involuntárias também a esse setor. Porém, na medida em que as restrições são impopulares, mexer com o funcionalismo não é um vespeiro atraente.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, até flertou com uma redução salarial para parlamentares. É algo muito incipiente e cujo efeito prático é pequeno. Cortar penduricalhos e regalias seria muito mais útil, porém sem a lógica marqueteira de “dar sua contribuição”. Esses benefícios “escondidos”, como um número gigantesco de cargos de confiança e de reembolsos, não são tão visíveis. Abrir mão do fundo eleitoral e do fundo partidário, por exemplo, teriam muito mais impacto do que esse “gesto”. Quem aposta que essa “doação” vai acontecer integralmente?
Ah, antes que citem as emendas parlamentares direcionadas para o combate ao coronavírus como um ato de nobreza, isso engana quem não entende que esse dinheiro nunca foi dos deputados, federais ou estaduais, e senadores. É recurso público que teria uma destinação alheia e que, em um momento de crise, deveria ser automaticamente transferido para a calamidade ao invés de servir como “moeda” com as bases eleitorais. Aqui não tem nenhum menino.
E o Judiciário? Que tal falar dos anexos aos salários que permitem que os rendimentos ultrapassem o teto constitucional? Ou também do inchaço da folha salarial da mãe Justiça, que paga salários astronômicos para funções simples? Não precisa ser para sempre, é só enquanto durar essa crise sem precedentes no passado recente. Se bem que, no alto da zona de conforto, é melhor não arriscar perder esses benefícios, não é mesmo?
Não precisa ser a morte de Isaque, como quase fez Abraão na Bíblia. E também não precisa ser um cordeirinho, já que estamos numa fase de politicamente correto. Porém coçar o bolso é algo que cabe para todo mundo.
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