A suspeita principal sobre o que provocou a explosão em Beirute, no Líbano, e provocou a morte de mais de 100 pessoas nessa terça-feira (4) aponta para uma carga de nitrato de amônio, que estaria no porto da cidade há seis anos. As 2.750 toneladas da substância foram apreendidas em um navio abandonado em 2013.
Segundo informações do jornal O Globo, investigações preliminares apontam falta de ação e negligência para lidar com o material altamente inflamável, que esteve estocado em um hangar no porto durante quase todo esse tempo. Um trabalho de solda no portão do armazém teria sido o estopim da explosão.
A reportagem lembra que o navio Rhosus, de bandeira da Moldávia, saiu do porto de Batumi, na Geórgia, no dia 23 de setembro de 2013. Ele seguiria viagem para o porto de Beira, em Moçambique, mas ao passar pelo Líbano apresentou problemas técnicos. Com isso, a embarcação teria sido obrigada a atracar em Beirute, onde as autoridades portuárias detectaram que o navio não tinha condições de seguir a viagem.
"A maior parte da tripulação, com exceção do capitão e de quatro tripulantes, foi repatriada e, logo após o navio ser abandonado por seus donos, após os fretadores e interessados pela carga perderem interesse [no produto], justificou o escritório de advocacia libanês Baroudi e Associados, que defendeu a tripulação.
De acordo com a publicação, o proprietário do navio é, supostamente, o russo Igor Grechushkin, que não se pronunciou até então. Com a disputa judicial em curso mesmo após o confisco da embarcação, o capitão e quatro tripulantes foram obrigados a permanecer a bordo, a fim de manter a embarcação flutuando e a carga segura. Na Ucrânia, terra natal deles, o caso foi muito repercutido e eles eram tratados como "reféns" no navio abandonado ou da "bomba flutuante", como as manchetes da época costumavam chamá-lo.
Só depois de quase um ano, a Justiça libanesa permitiu que os tripulantes saíssem do navio e fossem repatriados. Então, com o risco de manter a carga no navio, ela foi transferida para o armazém 12 do porto, onde ficou pelos últimos quatro anos.
Ao longo desse período, há registros de que o então diretor da alfândega, Shafik Merhi, enviou cartas a um juiz pedindo soluções para o problema.
"Levando em conta o sério risco de manter esses materiais em um hangar sem as condições climáticas necessárias, nós reafirmamos nosso pedido para que, por favor, solicitem à agência marinha que o material seja imediatamente reexportado para preservar a segurança do porto e de seus funcionários, ou que se chegue a um acordo para sua venda", dizia uma carta datada de 2016. O jornal aponta que, aparentemente, a correspondência não teve resposta.
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