quarta-feira, 12 de agosto de 2020

PSD da Bahia mostra força ao aparecer no topo da lista de beneficiários de fundo eleitoral

 

PSD da Bahia mostra força ao aparecer no topo da lista de beneficiários de fundo eleitoral
Foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado

O senador Otto Alencar é uma figura essencial para o PSD. A prova disso é o montante destinado pela sigla para as candidaturas em 2020 da Bahia. Serão quase R$ 12 milhões para o diretório estadual, colocando a instância à frente de outras direções relevantes, como São Paulo, curral eleitoral do presidente Gilberto Kassab, e Minas Gerais, cuja capital é governada pelo correligionário Alexandre Kalil – apesar da campanha a reeleição dele ter previsto um montante “individual” de metade da cifra destinada à Bahia.

 

Otto foi o principal avalista do PSD no Nordeste. Veio da Bahia uma parcela representativa das assinaturas que viabilizaram a existência do partido. Desde então, a legenda tem colecionado vitórias expressivas do ponto de vista eleitoral. Otto foi eleito senador em 2014 com folga em relação ao segundo colocado. Dois anos depois, o partido emergiu como uma potência entre as prefeituras, tornando a sigla ainda mais importante para a construção eleitoral dos anos seguintes. A indicação de Angelo Coronel para concorrer ao Senado em 2018 é um dos exemplos públicos de como a musculatura política do partido é importante para o cenário local.

 

No entanto, no próximo pleito, essa prevalência do PSD nas disputas municipais parece estar sob a sombra do Progressistas, que conquistou prefeitos da última eleição para cá e disputa, tal qual o tamanho da bancada na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), a liderança com o partido de Otto. É uma briga de cachorro grande. De um lado, o senador cuja biografia inclui um período como governador e a aproximação da centro-direita do petismo na Bahia. Do outro, o vice-governador João Leão, que também integra campo ideológico similar e não deve medir esforços para manter o Progressistas como uma força eleitoral.

 

Aí entra a destinação dos recursos do PSD para a Bahia. Mesmo com uma campanha repleta de limitações em virtude da pandemia e do próprio adiamento das eleições para novembro, o financiamento das candidaturas deve fazer a diferença. Ainda mais no interior da Bahia, onde a publicidade em rádio e televisão não tem os mesmos impactos dos grandes centros urbanos. Esses recursos vão viabilizar que o PSD se mantenha em condições favoráveis de disputa, independente dos problemas a serem enfrentados em 2020.

 

Otto Alencar tem ainda outra vantagem importante: o desconhecimento da imprensa do eixo Rio - São Paulo - Brasília, que chegou a sugerir que esses recursos seriam destinados à campanha de Angelo Coronel à prefeitura de Salvador. Assim, os senadores mantêm, sem chamar tanta atenção, uma base eleitoral sólida que permitirá dar muitas cartas no jogo político local e nacional no longo prazo. Um bom político sabe operar nos bastidores. E assim construir bem a cama onde dorme.

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