sexta-feira, 16 de outubro de 2020

'Espetáculos' da democracia, debates não dão audiência ou lucro

 

'Espetáculos' da democracia, debates não dão audiência ou lucro
Único debate realizado até aqui | Foto: Divulgação/ Band

Debates entre candidatos ao Executivo são importantes para o eleitor. Porém o engessamento da legislação acaba impedindo que esses espaços sejam produtivos. Tanto é que, a cada pleito, o formato mantém um desgaste crescente, o que gera uma resistência para a realização nos meios de comunicação e no próprio eleitor. Esses são alguns pontos que justificam o cancelamento dos debates por Record, TV Bahia e TV Aratu no primeiro turno das eleições 2020 em Salvador.

 

Por uma determinação legal, as concessões públicas são obrigadas a convidar os candidatos de partidos políticos com mais de cinco representantes na Câmara dos Deputados. Na capital baiana, isso criaria a obrigação de sete candidatos estarem presentes no debate, tal qual aconteceu na Band Bahia, no começo de outubro. Não funcionou. Os postulantes ao Palácio Thomé de Souza sequer conseguiram apresentar um mínimo de propostas, quanto mais defender algum projeto possível para a gestão da cidade.

 

Mas o peso para não realizar debates não é apenas por conta das travas legais. A questão primordial é de ordem financeira. O “espetáculo” da democracia só tem custos e nenhum tipo de retorno financeiro. Entes públicos não podem patrocinar os debates. Empresas privadas não querem ser associadas à política. É o natural da captação de recursos. Qualquer condução questionável de um embate pode gerar imagem negativa que seria difícil de reverter. Então é melhor evitar riscos.

 

Outro detalhe relevante: não dá audiência transmitir o encontro entre os candidatos. A repercussão no dia seguinte, nas redes sociais ou com origem nas assessorias dos candidatos, traz muito mais impacto no eleitor do que o ato em si. Até porque, para criar algum fato, é necessário gerar tensão. E normalmente os candidatos fogem disso tal qual o diabo foge da cruz. Mesmo os alvos a serem atingidos, como é o caso do vice-prefeito Bruno Reis (DEM) em Salvador, passam praticamente incólumes - ainda que Major Denice (PT), Olívia Santana (PCdoB), Sargento Isidório (Avante) e Bacelar (Podemos) tivessem até combinado ataques ao adversário.

 

Juntando todos esses fatores, era esperada a redução dos debates na televisão. O formato precisaria ser mais flexível, o conteúdo poderia ser mais interessante e os candidatos poderiam estar dispostos a fazer algo menos vazio. Até o primeiro turno das eleições 2020, apenas a TVE promete fazer um encontro. Pelo menos em uma TV pública fica mais fácil não esperar retorno financeiro. Mesmo que o custeio disso tudo seja - indiretamente - do eleitor.

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