terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Fiocruz quer pedir registro de vacina de Oxford contra Covid até 15 de janeiro

 

Fiocruz quer pedir registro de vacina de Oxford contra Covid até 15 de janeiro
Foto: Rodrigo Nunes/MS

À frente de um acordo que prevê a produção de uma vacina contra Covid-19 no Brasil, a Fiocruz planeja entrar com um pedido de registro do imunizante até o dia 15 de janeiro, disse à reportagem nesta segunda-feira (28) o vice-presidente de inovações da instituição, Marco Krieger.

Desde junho, a Fiocruz trabalha em uma parceria para transferência de tecnologia com a farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, que desenvolvem a vacina. O acordo é considerado a principal aposta do Ministério da Saúde para a vacinação contra a Covid.

Segundo Krieger, o pedido pode ser feito já na próxima semana caso sejam finalizados alguns documentos.

Ele afirma que os primeiros dados ligados à vacina começaram a ser submetidos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pelas empresas ainda em setembro, de forma escalonada.

"A maior parte dos dados já foram entregues, falta só a última parte de manufatura e controle que estamos finalizando para entrar. Devemos entrar [com o pedido] na semana que vem ou no mais tardar [poucos dias depois]. Nosso deadline interno é fazer isso até o dia 15 de janeiro, mas estamos com expectativa de antecipar um pouco", afirmou.

A previsão de pedir o registro em janeiro já constava no cronograma da Fiocruz, mas a data ainda não tinha sido divulgada e havia dúvidas sobre o risco de haver atrasos nesse processo.

Mais cedo, o vice-presidente de inovações confirmou em entrevista à Rádio Gaúcha que o cronograma está mantido. Segundo ele, a instituição deve fazer o pedido de registro definitivo, e não o de uso emergencial.

A informação foi confirmada à reportagem. "Nossa expectativa era fazer pedido no fim de janeiro, a Anvisa demorar um mês e conseguirmos entregar as doses até março. Agora vimos que conseguimos antecipar em 15 dias a submissão, e temos sinalização da Anvisa de avaliações mais rápidas", disse sobre o processo de entrega de dados à agência até que haja o pedido de liberação para oferta à população.

Atualmente, a Fiocruz tem um acordo para entregar 210 milhões de doses ao Ministério da Saúde --desse total, 100 milhões seriam entregues no primeiro semestre, e o restante nos meses seguintes. A expectativa é iniciar a produção das doses no dia 20 de janeiro.

Em audiência na Câmara dos Deputados na última semana, a presidente da fundação, Nísia Trindade, disse que a previsão era entregar 1 milhão de doses da vacina de 8 a 12 fevereiro e mais 1 milhão na semana seguinte para o PNI (Programa Nacional de Imunização), do Ministério da Saúde. A partir de então, serão 700 mil doses diariamente.

A instituição ainda trabalha para tentar adiantar parte das doses, o que permitiria antecipar a vacinação.

"Temos uma expectativa real de conseguir antecipar o número de doses, em vez de 100 milhões nos primeiros seis meses, adiantar em um a dois meses, e aumentar nossa escala em seguida. Estamos tentando acelerar, mas no momento nossos dados ainda são esses", diz Krieger.

Nas últimas semanas, a possibilidade de haver atrasos no cronograma passou a ser aventada em meio a questionamentos sobre os dados de eficácia da vacina, que teve números diferentes conforme a aplicação das doses. A situação fez com que a AstraZeneca anunciasse novos estudos.

Krieger, no entanto, diz que isso não interfere no cronograma e que os dados já apresentados permitiriam a solicitação do registro. Os demais dados seriam adicionais, afirma. "Eles já trazem um benefício muito grande. São vacinas que estão mostrando capacidade de proteção muito alta, o que supera nossas expectativas", diz. "Ela tem ainda vantagens adicionais, de estabilidade e facilidade de produção."

Recentemente, a Anvisa concedeu um certificado de boas práticas de fabricação à empresa Wuxi Biologics, que fica na China, e que fornece os insumos para produção da vacina.

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