Carlos Carvalho, escolhido por Marcelo Queiroga (ministro da Saúde) para coordenar um grupo que deve formular protocolos de combate à Covid-19, é um dos maiores críticos do país sobre a utilização da cloroquina, remédio defendido pelo presidente Jair Bolsonaro para tratar a doença.
Professor da USP, Carvalho apontou desde o início da pandemia que não havia comprovação de eficácia do medicamento, segundo a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo. O novo ministro da Saúde pediu os protocolos usados no Hospital das Clínicas e no InCor, onde ele trabalha, para levar a todo Brasil. Conhecidas como berços da ciência, as unidades não utilizam cloroquina e ivermectina no tratamento da Covid-19.
O nome de Carvalho para o suposto grupo foi anunciado por Queiroga durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (24). Em abril de 2020, o professor comparou a eficácia da cloroquina contra Covid-19 à da Novalgina — nenhuma, portanto.
"A falta de organização central e as informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população. Não vou dizer que representa 1% ou 99% (das mortes), mas contribuiu", disse ele em entrevista à BBC News Brasil.
"Alguns prefeitos distribuíram saquinho com o 'kit covid'. As pessoas mais crédulas achavam que tomando aquilo não iam pegar Covid nunca e demoravam para procurar assistência quando ficavam doentes", afirmou na mesma entrevista.
O médico declarou, no entanto, que, embora tenha tido seu nome anunciado pelo ministro, não vai ter um cargo específico. “Me comprometi a ajudar nesse momento crítico. Não farei parte de ministério”, disse Carvalho para a Folha.
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