O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicou o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), como embaixador do Brasil na África do Sul. O nome dele já foi encaminhado ao país africano, que precisa aprovar a indicação.
Segundo a Folha de S. Paulo, que confirmou a informação revelada pelo Correio Braziliense, essa escolha causa mal-estar entre diplomatas que veem na indicação uma manobra para beneficiar Bolsonaro. Se o governo da África do Sul aceitar Crivella, a indicação será oficializada e o ex-prefeito será sabatinado na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O site da revista Veja ressalta que essa escolha pode também ser benéfica para a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), instituição à qual Crivella é vinculado. Ela entrou no continente africano por Angola, ainda em 1992, mas seu maior crescimento em número de templos e fiéis foi registrado na África do Sul, onde a igreja está instalada desde 1993.
De acordo com a publicação, o país era tão importante para a expansão da Iurd que seu fundador, o bispo Edir Macedo, chegou a mandar Crivella, então bispo e seu sobrinho, para conduzir o projeto lá. Baseado no país, o hoje postulante a embaixador foi a cerca de outros 20 países africanos para abrir filiais da igreja.
Agora a indicação ocorre no momento em que a Universal enfrenta uma de suas piores crises no continente africano, em meio ao rompimento de uma ala de bispos e pastores de Angola com Edir Macedo. Eles tomaram cerca de 200 igrejas no país e o grupo brasileiro tem sido alvo de processos de deportação e investigação por evasão de divisas, lavagem de dinheiro, descriminação e imposições de vasectomia em pastores.
A Veja conta que, diante dessa crise, surgiu um conflito entre os aliados Edir Macedo e Jair Bolsonaro, com lideranças próximas ao bispo fazendo críticas públicas contra a forma tímida com que o Itamaraty se envolveu no caso. Eles temem que a revolta em Angola se espalhe pelos outros 30 países africanos onde a Universal está presente.
Sendo assim, a indicação de Crivella é vista como uma estratégia para reduzir o desgaste de Bolsonaro com a igreja, além de servir de compensação para o ex-prefeito que perdeu a reeleição mesmo com apoio do presidente.
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