O estudo conduzido pela Fundação Hemoba sobre o uso do plasma convalescente de pessoas que tiveram contato com o vírus Sars-CoV-2 no tratamento de pessoas com a Covid-19 identificou que a medida não é eficaz. Segundo o diretor da entidade, Fernando Araújo, a pesquisa concluiu que o componente sanguíneo de recuperados da doença não tem nenhuma característica que possa fomentar ou coloca-lo como uma possibilidade terapêutica para a infecção pandêmica.
Em novembro do ano passado a Fundação se envolveu na empreitada em busca de um tratamento para a Covid-19. A Hemoba conduziu o estudo imunológico com o objetivo de avaliar a resposta imunológica na imunoterapia de pacientes com a infecção. A pesquisa também tinha a intenção de identificar a eficiência da utilização do plasma de pessoas recuperadas da doença no tratamento daqueles que ainda estão doentes, a partir da possibilidade de fornecer anticorpos. Na época a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Bahia (CEP) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) (lembre aqui).
Mas a conclusão a que chegou o estudo foi de que os anticorpos no componente sanguíneo representam uma quantidade reduzida, explicou o diretor da Fundação. “O plasma de uma pessoa convalescente tem às vezes uma quantidade de anticorpos muito pequena para resolver um paciente grave que está na UTI. Ao contrário a vacina, que não só impede que a pessoa chegue as condições de chegar até a UTI, e abranda a situação do Covid”, argumentou, ao citar ainda os outros mecanismos de proteção que, na avaliação dele, vieram para ficar, a exemplo do uso de máscaras.
“A quantidade em uma pessoa convalescente é tão baixa que se não tomar cuidado a gente viu que não tinha imunidade consolidada. Investiga-se porque não tem imunidade completa, mas avançamos em vacina e medicamentos que estão surgindo", completou o médico.
Fernando Araújo é diretor da Fundação Hemoba | Foto: Jade Coelho
Mas se o plasma convalescente não é eficaz no tratamento da Covid-19, a técnica se mostra eficiente em relação a outras condições, acrescentou Fernando Araújo. "É sabido há bastante tempo que se utiliza uma técnica semelhante para timoglobulina em coelhos que serve para a anemia aplásica, que agora está se pensando em utilizar, mas ele é muito mais eficaz do que a gente encontrou com o SarsCov2”.
OUTRAS PESQUISAS
Além desse estudo sobre o plasma convalescente no tratamento da Covid-19, a Fundação Hemoba também está conduzindo pesquisas sobre doença de Chagas, Salmonela, Malária, Dengue. Esta última tem como objetivo identificar se o agravo atinge a transfusão de sangue.
Já na pesquisa sobre a doença falciforme, o foco é a atuação em tratamento de feridas e a avaliação demográfica para mostrar a realidade em regiões do estado. Um exemplo citado pelo diretor Fernando Araújo é de que no Recôncavo, a cada 17 nascidos um tem falciforme. “Isso é uma realidade muito agressiva. É preciso um acompanhamento familiar para planejar, avaliar e fazer o pré-natal porque é um parto de alto risco", sinalizou.
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