Oficialmente pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes busca se apresentar como uma opção ao polarizado ambiente da corrida pelo Palácio do Planalto em 2022. Três vezes candidato a esse cargo no passado, o pedetista tenta manter sobrevida na disputa, ainda que as pesquisas de intenção de votos realizadas até aqui o coloquem num incômodo pelotão de baixo. Na última sexta-feira (21), durante o lançamento do próprio nome, Ciro tentou se vender como o “rebelde da esperança”. É uma posição utópica e, por enquanto, distante da realidade.
Em 2018, quando ficou na terceira colocação e deixou candidatos com mais recursos para trás, Ciro teve uma oportunidade de se posicionar no segundo turno. Após considerar ter sido traído pelo PT e por Luiz Inácio Lula da Silva, optou por um exílio voluntário fora do país, ainda que tenha endossado ser contrário a Jair Bolsonaro. De lá para cá, se afastou do pensamento dominante da esquerda brasileira e, depois que Lula recuperou os direitos políticos, foi completamente jogado para escanteio. Agora, segue no esforço para se definir ideologicamente para o eleitor - ainda que não tenha sido incoerente em momento algum.
O desafio de Ciro é conseguir pautar a discussão pública sobre os temas que lhe são caros durante a eleição de 2022. Ainda que ouvido pela imprensa - e por muitos núcleos da sociedade -, o pedetista não consegue avançar como opção para o eleitor. Em teoria, ele se apresenta como um candidato extremamente competitivo. Na prática, foi facilmente ultrapassado pelo bolsonarismo gourmet de Sérgio Moro e está bem atrás de se tornar a terceira via, tão almejada pelos núcleos da política que se sentem sub-representados por Lula ou por Bolsonaro. Mesmo que já tenha oscilado entre as críticas ácidas ao lulismo e ao bolsonarismo.
Para se tornar efetivamente um jogador importante nessa disputa, Ciro precisaria englobar outras forças políticas que estão à margem do dualismo cristalizado. No entanto, não dá sinais de que o diálogo seja viável no curto espaço de tempo - especialmente em um contexto em que todos os nomes querem se autoafirmar perante o eleitorado. Junto com o desafio de conseguir conversar com o depositante nas urnas, o agora pré-candidato formal precisa se consolidar como uma alternativa também para outros segmentos políticos e da própria sociedade. Ele se apresenta como um sonhador “rebelde da esperança”. Os brasileiros estão dispostos a apostar nisso?
Nenhum comentário:
Postar um comentário