Por mais que haja um esforço dos adversários em tornar a condição eleitoral de ACM Neto desconfortável, o ex-prefeito de Salvador ainda não viu, nas pesquisas, razões para tamanha apreensão como tentam pregar. O ainda pré-candidato do União Brasil oficializa a chapa apenas no dia 5 de agosto, último dia possível na legislação eleitoral, e amarra as arestas dentro do próprio grupo para evitar celeumas com a escolha do vice. É quem, até o momento, menos fez movimentos inesperados ou guinadas na estratégia e na estruturação da campanha.
O trunfo da manga para garantir atenção midiática antes da convenção é o nome escolhido para a vice. Diferente de Jerônimo Rodrigues, que usou o MDB como carta em março, e João Roma, que alçou uma ilustre desconhecida para acompanhá-lo na disputa, ACM Neto só tem amarras internas para divulgar esse nome. E cozinha bem os aliados em torno desse mistério que, segundo o entorno dele, segue guardado a sete chaves. Último a oficializar a chapa, ele dificilmente verá uma mudança de lado, mesmo que o escolhido venha a desagradar outrem - e o exemplo mais explícito é a eventual opção por Marcelo Nilo e as consequências para a briga dele com Félix Jr. e o PDT.
Para quem pergunta diretamente sobre quem será o vice, ACM Neto é lacônico nas respostas. “Não defini ainda”, diz ele. Porém, a essa altura do campeonato, é improvável que seja esse o cenário real. O ex-prefeito da capital baiana é, entre os três candidatos competitivos ao governo da Bahia, o mais tenaz na construção de relações políticas. Parte como resultado da grife do avô, parte como resultado da própria expertise de quem está presente nas urnas há 20 anos. Ao postergar por tanto tempo a divulgação do vice, revisita as estratégias usadas por ele em 2012, quando sacou o PV e Célia Sacramento, e 2016, quando promoveu Bruno Reis a seu sucessor. Com o diferencial de que nada em mares menos turbulentos na oposição ao governo da Bahia - ele é a maior representação de adversário do PT na Bahia, sendo um antipetista com maior grau de responsabilidade e respeito que muitos outros Brasil afora.
Nos bastidores, sabe-se que dificilmente haverá alguma surpresa nessa chapa para 2022. ACM Neto tem assegurado que será pragmático para definir o vice, tanto quanto foi para esperar o momento certo para captar a insatisfação de João Leão e do Progressistas, que lhe rendeu um naco importante do chamado tripé petista na Bahia. O bote não precisou acontecer e ele ganhou de presente o PP, depois das barbeiragens políticos do outro lado. Então, de hoje até o dia 4, quem quer que seja anunciado, já deve ser um nome citado pela imprensa e pelos partidos que compõem o seu arco para as urnas.
Há uma tendência a acirramento de ânimos agora que oficialmente a campanha vai começar. As movimentações do entorno de Jerônimo expõe uma fragilidade imputada a ACM Neto. Porém o efeito Luiz Inácio Lula da Silva nunca é desprezível e o acordo tácito de não agressão entre o ex-presidente e o ex-prefeito pode ser tão representativo para a política baiana quanto a aproximação de Lula com Geraldo Alckmin. Se mantidos níveis de civilidade, a disputa baiana será interessante de se acompanhar. Resta saber como vão se comportar os aliados daqueles que tentam chegar ao Palácio de Ondina.
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