Um dos temas mais procurados nas plataformas de buscas entre os meses de julho, agosto e setembro, o número de vasectomias realizadas aumentou mais do que o dobro nos últimos três anos na rede estadual de saúde baiana e também em Salvador.
Em um levantamento da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), acessado pelo BN, foi visto que o procedimento, realizado em homens que não desejam ter filhos, passou de 308 em 2021 para 2.801 em 2022 e alcançou a marca de 4.515 em 2023 em todo o estado.
Já na gestão municipal a quantidade obtida no primeiro ano foi de 2.473 passando para 3.063 e alcançou 3.262 no ano passado. Para compreender sobre este aumento e o que causou este efeito, a reportagem do Bahia Notícias procurou um especialista em reprodução humana para tratar a situação.
Segundo o ginecologista Agnaldo Viana, o acesso à informação sobre os temas relacionados a direitos reprodutivos, é uma das causas deste aumento.
“Eu acho que o maior acesso à informação [causou], isso passa por um momento de planejamento reprodutivo. A gente teve também uma mudança recentemente nas leis do SUS para fazer esse procedimento, tanto para o homem quanto para a mulher, a idade que antes era de 25, 27 anos, a gente caiu para 21 anos. A acessibilidade também aumentou com mais centros justamente fazendo esses procedimentos. E eu acho que o principal é a divulgação de informações e planejamentos familiares mais robustos, digamos assim”, explicou o médico.
Agnaldo apontou ainda que pacientes de 20 a 30 anos são os que mais buscam o tipo de tratamento.
“Geralmente você vê na faixa de 20 a 30 anos, você bota ali uns 25 a uns 35 anos, esse eu acho que é o grande público que busca mais informação e busca mais responsabilização, que é a época de auge reprodutiva, o auge reprodutivo dos humanos é entre 20 e 35 anos, então para o homem vai um pouco mais, os homens que são mais velhos não vão ter problemas com a parte de possibilidade de engravidar, mas o auge reprodutivo é nessa idade, é uma população que é economicamente ativa, então o cara trabalha, tem suas responsabilidades, então é muito satisfatório, a gente vê que justamente as pessoas estão com mais interesse em fazer esse planejamento.”
O especialista chamou atenção ainda para a importância de conscientização do tema, tendo em vista que a vasectomia é um procedimento irreversível.
“Quando eu falo definitivo, esse procedimento cirúrgico que o cara tem que fazer quando ele já acha que não vai ter filhos mais. E o potencial de reverter isso é um potencial baixo. E se o cara por acaso se arrepende anos depois e tudo, ele pode até tentar uma cirurgia de reversão, mas geralmente é uma taxa muito baixa de sucesso. A taxa de sucesso para a esterilização é altíssima. E por isso que eu chamei de método definitivo. Mas a taxa [de reversão], se ele se arrepender depois, é muito baixa”, explicou o médico.
A laqueadura, procedimento médico de esterilização para mulheres que decidiram não engravidar, também sofreu um crescimento no estado. Conforme o estudo, cerca de 864 mulheres realizaram a cirurgia em 2021; 7.079 em 2022 e 12.813 em 2023 na rede estadual de saúde pública.
DADOS EM SALVADOR
Os números acessados pelo BN também visualizaram um crescimento do serviço de vasectomia na rede municipal de saúde da capital baiana. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de 2022 até setembro de 2024, foram realizados 4.720 procedimentos de vasectomia.
A pasta informou também por meio de nota que os homens que desejam realizar o procedimento podem encontrar atendimento em uma Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência e passar por uma consulta de planejamento reprodutivo.
O paciente que deseja passar pelo procedimento de vasectomia deve ter 21 anos completos ou dois filhos e ser residente do município de Salvador. Ele será encaminhado para o Centro Médico Elsimar Coutinho Day Hospital (CEPARH), com agendamento prévio através da central de marcação, portando RG, CPF, Cartão do SUS, comprovante de residência de Salvador, certidão de nascimento ou RG dos filhos.
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