quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Poupança fica positiva em dezembro, mas retiradas do ano superam histórico do BC

Poupança fica positiva em dezembro, mas retiradas do ano superam histórico do BC
Foto: Marcello Casal/Agencia Brasil
Depois de 11 meses seguidos de resgate líquido (descontados os depósitos) da poupança, os brasileiros voltaram a aplicar dinheiro em dezembro. No último mês do ano, a captação líquida (depósitos superiores aos saques) ficou em R$ 4,789 bilhões. Apesar do resultado positivo, essa foi a menor captação líquida registrada em dezembro desde 2011 (R$ 3,589 bilhões). Mesmo com o resultado positivo de dezembro, no acumulado do ano a poupança registrou a maior retirada líquida, na série histórica iniciada em 1995. O saldo negativo do ano ficou em R$ 53,567 bilhões. O BC não registrava retirada líquida anual desde 2005 (R$ 2,720 bilhões). De acordo com a Agência Brasil, em 2015, os depósitos somaram R$ 1,906 trilhão e os saques, R$ 1,959 trilhão. Os rendimentos chegaram a R$ 47,430 bilhões e o saldo ficou em R$ 656,589 bilhões. O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, lembrou que no último mês do ano é comum haver mais depósitos em poupança devido a renda extra com o décimo terceiro salário. Segundo Oliveira, três fatores explicam o resultado negativo de 2015. Um deles é que a poupança está rendendo menos que fundos de investimento. “A rentabilidade dos fundos é maior, o que levou muita gente a resgatar dinheiro da poupança e ir para os fundos”. De acordo com o diretor, o rendimento da poupança está em 8,07%, enquanto dos fundos é de 11,48% ao ano. "Se forem descontados Imposto de Renda e taxa de administração, que varia em cada instituição a partir de 0,5%, o rendimento dos fundos fica em cerca de 10%", acrescentou Oliveira. Além de perder para os fundos de investimento, o rendimento da poupança é corroído pela inflação. A expectativa é que a inflação tenha alcançado 10,5% em 2015, acima, portanto, dos rendimentos da poupança. O terceiro fator que explica a retirada dos recursos da poupança é a menor renda da população, com o aumento da inflação e do desemprego. “Tivemos um ano muito difícil, com inflação alta, queda de renda das famílias, juros e impostos elevados e agora com o desemprego crescendo. Isso fez com que muita tivesse que resgatar recursos da poupança para complementar o orçamento. De outro lado, com essas dificuldades menos pessoas tinham dinheiro para guardar”. Para 2016, a expectativa é “piorar esse quadro porque o desemprego vai crescer e a inflação continuará elevada”. “O que gerou esse resgate maciço de recursos da poupança estará presente em 2016”.

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