“O que estamos fazendo agora, neste terceiro mandato, é mais que o que fizemos nas duas administrações anteriores, de 2001 a 2004 e de 2005 a 2008”. A declaração consta do discurso que o prefeito José Ronaldo não fez na reabertura dos trabalhos do Legislativo, mas entregou aos vereadores e cujo texto divulgou posteriormente.
Para sustentar a avaliação sobre o próprio desempenho, Ronaldo colocou o foco nas áreas que classificou como prioridades do governo e da população: educação, saúde e transporte coletivo.
Começando pela educação, disse que “jamais, nesta cidade, se construiu tantas escolas novas e creches em apenas quatro anos”. O prefeito contabilizou nove entregues e quatro que serão inauguradas ainda em fevereiro, além de outras 12 creches em construção, sem contar as reformas, que trouxeram as unidades - novas ou reformadas - a um novo padrão “que supera o da maioria das escolas particulares”, comparou.
Ronaldo mencionou ainda investimentos em cursos de formação de professores, a conexão de todas as escolas com a internet e o projeto Música nas Escolas.
A galeria esteve lotada de professores em greve na segunda-feira, que desejavam protestar pedindo redução do tempo em sala de aula, conforme assegura lei federal de 2008. Neste dia, quando estava agendada a participação do prefeito, ele declarou que não pôde comparecer devido a “compromisso inadiável em Salvador”.
De qualquer modo o discurso de quase uma hora não seria lido, porque a sessão encerrou-se logo após a abertura, comohomenagem póstuma ao ex-vereador Hosannah Leite,falecido na véspera.
José Carneiro, líder do governo, que segunda-feira entregou cópia do pronunciamento à presidência, fez a leitura na sessão desta terça-feira e não escapou do protesto dos professores, que voltaram à Câmara e foram exortados pela vereadora Gerusa Sampaio a ter mais respeito, quando nada porque um representante deles mesmos iria falar em seguida de dentro do plenário onde no momento discursava o líder do governo, que teve o discurso interrompido para que a vereadora passasse a bronca na plateia.
A exaltação foi maior, claro, quando o leitor do discurso tocou no ponto que motiva a greve, que é o pedido para retirar um terço da carga horária da sala de aula, tempo que os professores alegam precisar para fazer planejamento e correções de provas e trabalhos.
O discurso reafirmou a disposição do governo em negociar, porém com a ressalva: “Não podemos nem pensar em algo imediato, pois isto iria ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas queremos, sim, dialogar com a APLB a implantação gradual desse benefício”.
Depois da educação, o discurso de Ronaldo concentrou o relato na Saúde, concluindo que “comentar negativamente sobre um trabalho desse é quem não conhece a obra, ou quem é mal intencionado mesmo”.
O prefeito relacionou a construção de 27 unidades de saúde em três anos, o funcionamento da UPA da Mangabeira e a ampliação em quase 100 do número de agentes de Saúde para defender sua atuação. Os 24% do orçamento aplicados no setor configuram, segundo ele, um dos mais altos percentuais entre todos os municípios do país. Para esta afirmação, baseia-se em levantamento publicado na revista Isto É, com dados coletados por uma empresa de auditoria especialmente para a publicação.
Somada à Educação, as duas áreas prioritárias consomem 54% do orçamento municipal.
ÔNIBUS
Reconhecendo o transporte coletivo como “calcanhar de Aquiles de quase todas as cidades”, o prefeito disse que empenhou-se em resolver o problema, primeiro trocando as empresas prestadoras do serviço e obtendo das novas o compromisso de colocar uma frota 100% nova, com 272 ônibus, “algo talvez inédito no país”.
Justificou o preço de R$ 3,30 para quem pagar em dinheiro, afirmando que “o passageiro inteligente não vai pagar”, porque fará o cartão que dá direito a pagar R$ 3,10. Prometeu inclusive postergar o prazo para depois de 20 de março se necessário para que todos tenham tempo de fazer seu cartão.
Foi onde entrou o discurso sobre o BRT. Ronaldo atribuiu as dificuldades na execução do projeto a um “pequeno, minúsculo grupo político, que quer impedir, através de sucessivas ações judiciais, e assim prejudicar milhares de pessoas”.
Afirmou que é “para o povo pobre” que o BRT está sendo feito e disse que os adversários não prejudicam a ele, mas à população. Mostrou-se, no entanto, confiante de que a obra será retomada. “Vencemos todas essas tentativas de obstruir o BRT, até aqui. E acreditando na justiça, dos homens, e de Deus principalmente, haveremos de prosseguir com essa obra magnífica”, apostou. Reafirmou que, caso não consiga, irá concluir a trincheira iniciada na Maria Quitéria com recursos próprios do município. “A minha palavra será honrada, como sempre fiz em toda a minha vida pública”.
O prefeito exaltou ainda o shopping popular, com o qual pretende atender a eterna demanda pela organização do centro da cidade, com a relocação dos camelôs e listou obras pela cidade, tanto de pavimentação como de construção das novas avenidas, Iguatemi e Ayrton Sena, sobre a qual colocou uma condição para concluir. “Dependemos da liberação das verbas federais”.
O discurso terminou após menções a obras nos distritos e investimentos na cultura e esporte.
O “orador ausente” lembrou que era a última vez neste mandato que se dirigia ao Legislativo para reabertura dos trabalhos anuais, mas demonstrou esperança no retorno ao prédio da Câmara ano que vem para discursar, após a eleição de outubro. “O futuro, a Deus pertence. Por enquanto me despeço dos senhores com um até breve”.
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