Depois de dois anos em queda, a economia brasileira está caminhando para o início de uma estabilização. Dados recentes indicam que uma recuperação embrionária está em curso e poderá levar a uma retomada mais rápida do que o esperado.
A mudança de marcha não foi efeito apenas da troca de governo, mas de ajustes feitos ainda pela administração de Dilma Rousseff, sob a tesoura do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy em 2015.
As correções feitas até agora, porém, ainda são modestas e só levarão a uma recuperação sustentável se a administração interina de Michel Temer conseguir aprovar medidas para estancar a sangria nas contas públicas.
"O Temer herdou de Dilma 2 uma economia melhor do que Dilma 2 herdou de Dilma 1", afirma Caio Megale, economista do Itaú Unibanco.
Dados recentes, como a melhora no número de emplacamentos de carros, a estabilização do nível de estoques de bens duráveis (como carros e eletrodomésticos) e da produção de máquinas e equipamentos mostram que a economia está perto do fundo do poço, dizem analistas.
"Em abril, pela primeira vez em dois anos, faltaram carros para entregar", observa Megale.
Na última semana, na esteira do afastamento de Dilma Rousseff, pesquisas com consumidores e empresários mostraram significativa melhora da confiança, embora esta se mantenha em nível baixo. A principal contribuição veio de uma perspectiva mais otimista sobre o futuro da economia.
Bancos brasileiros e estrangeiros já preveem que, se o quadro político não atrapalhar, a estabilização poderá ocorrer entre este segundo trimestre e o fim do ano.
Um dos mais otimistas, o Bradesco revisou recentemente sua projeção para o PIB do segundo trimestre de uma contração de 0,5% para -0,1%. "Não é pouca coisa", afirma Igor Velecico, economista do banco.
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