Os redutos dos peemedebistas que são alvos da Operação Lava Jato receberam, nas eleições de 2010 e 2014, um volume de doações desproporcional ao tamanho de seu eleitorado. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que as campanhas mais ricas do PMDB, em termos relativos, não foram as dos Estados maiores, mas as dos comandados por “caciques” locais. Os 12 estados de alvos da Lava Jato concentram apenas um terço dos eleitores do país, mas eles receberam R$ 2 de cada R$ 3 (66%) doados a campanhas majoritárias do PMDB nas duas últimas eleições para governador e senador.
No ranking dos valores per capita, o primeiro colocado, disparado, é o estado do senador Romero Jucá. Na média das duas eleições, o PMDB de Roraima recebeu cerca de R$ 96 por eleitor, mais que o quádruplo do segundo colocado, Tocantins, e nove vezes o valor registrado no Rio de Janeiro. Em 2010 e 2014, o PMDB roraimense recebeu cerca de R$ 47,6 milhões. Em números absolutos, foi o sexto maior volume arrecadado pelo partido nos estados, apesar de Roraima ser o menor colégio eleitoral do país. Lá, apenas 262 mil pessoas compareceram às urnas há dois anos.
Esse volume de dinheiro foi, basicamente, para a máquina controlada por Jucá, que se expande para além do PMDB. Em 2010, a maior despesa do comitê de campanha do então candidato a senador foi o item “doações financeiras a outros candidatos”.
Outro destaque no ranking do financiamento eleitoral do PMDB é o Maranhão, terra de José Sarney, de sua herdeira política, a ex-governadora Roseana Sarney, e do aliado Edison Lobão, ex-ministro de Minas e Energia. Na média de 2010 e 2014, o PMDB maranhense foi o terceiro que mais arrecadou no ranking dos Estados, apesar de ser o 13º em número de eleitores.
Em 2014, quando Lobão concorreu ao governo, recebeu doações de empreiteiras como a Andrade Gutierrez e a Queiroz Galvão. Seus principais financiadores, porém, vieram do setor de energia.
No total, o PMDB movimentou pouco mais de R$ 1 bilhão nas campanhas de candidatos ao governo e ao Senado nas duas últimas eleições nacionais, mais do que os tucanos (R$ 863 milhões) e petistas (R$ 665 milhões).
No levantamento, peemedebistas baianos citados na Lava Jato, a exemplo do ministro Geddel Vieira Lima, receberam doações no montante de R$ 1,4 milhão nos dois pleitos analisados.
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