O ministro da Saúde, Ricardo Barros, defendeu nesta quinta-feira 
(5) a mudança na regra que impede o aumento de planos de saúde depois 
dos 60 anos. Na avaliação de Barros, em vez de proteger, a norma expulsa
 pessoas mais velhas da saúde suplementar. "Da forma como está não está 
funcionando", disse, depois de uma reunião do Conselho Nacional de 
Saúde. "A regra foi criada para proteger, mas na prática, acaba 
expulsando o idoso", avaliou. A proposta de alteração dessa regra, 
permitindo um escalonamento dos valores das mensalidades depois de 60 
anos, integra o relatório sobre a reformulação da Lei de Planos de 
Saúde, que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados. A 
previsão é de que a proposta final seja lida no início do próximo mês 
para a comissão especial criada para avaliar o assunto. As linhas gerais
 de mudança já foram apresentadas pelo relator, deputado Rogério 
Marinho. Elas foram duramente criticadas por entidades ligadas ao 
direito do consumidor e especialistas em saúde. O Idec, por exemplo, 
classificou as propostas de mudança como um retrocesso às regras atuais.
 Para a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lígia 
Bahia, as propostas atendem apenas as demandas das operadoras de planos 
de saúde. Barros afirmou ter se encontrado com o relator do projeto 
nesta semana e defendeu mudanças de pontos que, em sua avaliação, 
representam problemas nas regras atuais. Em seu discurso, chancelou 
todas as ideias do relator. Além da barreira da mudança no valor da 
mensalidade depois dos 60, prevista na lei de idoso, o ministro citou a 
questão dos reajustes de planos individuais. "Da forma como está, esse 
tipo de plano saiu do mercado", observou. Pelas regras atuais, o 
reajuste é determinado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. Os 
porcentuais de aumento geralmente são baixos, o que acabou levando 
operadoras a deixarem de ofertar tal formato. A saída foi criar 
estratégias para que os consumidores ingressassem em planos empresariais
 "falsos coletivos", com regras mais frouxas. Para especialistas em 
direito do consumidor, a alternativa não é reduzir as exigências de 
planos individuais para garantir o retorno desse formato, mas regular de
 forma mais clara e impedir abusos dos aumentos de planos 
coletivos. Barros defendeu ainda a redução de multas aplicadas contra 
operadoras de saúde e a forma como é hoje realizado o ressarcimento de 
atendimentos feitos a usuários de planos na rede pública de saúde e a 
criação de planos acessíveis. "Entendemos com absoluta clareza que o SUS
 é direito de todos os cidadãos", disse. "Mas a Constituição fala no 
limite da capacidade contributiva do cidadão, o que leva também a uma 
capacidade limitada para atender as demandas." Repetindo os argumentos 
que apresentou desde que tomou posse, Barros afirma que quanto mais 
pessoas estejam na saúde suplementar, menor será a pressão no SUS e, 
assim, maior a garantia de acesso "rápido" ao sistema. "Quanto mais 
pudermos ter brasileiros que tenham plano, mas acesso podemos dar 
àqueles que não têm recursos para ter o plano. É questão matemática, de 
oferta e de acesso".
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