Por Rodrigo Daniel Silva
O governador Rui Costa sinalizou que o Partido dos Trabalhadores pode abrir mão, pela primeira vez, de uma candidatura a presidente da República. Segundo ele, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for impedido de disputar o pleito deste ano pela Justiça, o PT pode apoiar um aliado. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Rui Costa ressaltou, porém, que sua sigla tem nomes com força suficiente para assumir a candidatura, caso Lula seja barrado. “Há sim. [Mas] o nome não precisa ser do PT. Pode ser uma pessoa que tenha a mesma concepção de distribuição de renda e desenvolvimento”, disse o petista, que evitou, no entanto, citar quem pode receber o aval do partido.
Nos bastidores, o nome do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tem mais força para ter o apoio do PT na corrida presidencial. O ex-governador da Bahia e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner (PT), já chegou a dizer que é o pedetista é um “bom candidato”. Ainda na entrevista, Rui Costa disse que haverá um aumento da “insatisfação” do povo com o Judiciário, se o ex-presidente Lula for barrado. “Em nenhum país desenvolvido ele teria sido condenado. Não há prova, mensagem de celular, bilhete, registro de cartório. Ele nem sequer dormiu uma noite no apartamento. O juiz o condenou dizendo que estava convencido de que ele aceitaria o apartamento. O que estão fazendo é uma perseguição histórica. Algo semelhante só ocorreu com Getúlio Vargas. Isso vai ficar mais claro na campanha”, salientou.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) manteve a decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, e ampliou a pena de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês para Lula. Com a permanência da punição, o ex-chefe do Palácio do Planalto deve ter a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base na Lei da Ficha Limpa. O chefe do Palácio de Ondina voltou a criticar a atuação de parte dos integrantes do Ministério Público e da Magistratura. Para ele, alguns agem como “militantes político-partidários”. Rui Costa defendeu, ainda, que o novo presidente eleito faça uma reforma política. “Que país democrático tem hoje 40 partidos? Nenhum. Tudo vira um balcão de negócios, em que cada um vende seu tempo de TV e rádio para fazer um fundo partidário. Cada pessoa pode fundar o partido que quiser, mas isso não deveria assegurar tempo de TV e fundo partidário”, pontuou.
“Não governo para o PT, mas para os baianos”
O governador Rui Costa não acredita que a rejeição ao Partido dos Trabalhadores pode influenciar na sua candidatura à reeleição. Fez questão de ressaltar que não governa para o PT, mas para os baianos.
“Uma parcela do povo brasileiro nunca foi muito ligada à legenda partidária. O cidadão se identifica com pessoas e projetos. O que tem garantido a legitimidade de governadores é a execução de projetos de desenvolvimento que garantem inclusão social em seus Estados. Na Bahia, nossa aprovação é alta em função disso. Eu não governo para o PT, mas para os baianos”, afirmou, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
O petista baiano disse ainda que fica “triste” com os embates que têm tido com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), seu provável adversário na eleição deste ano. “A maioria desses embates não deveria ter acontecido. Está em curso um acirramento da política que tem a ver com o momento atual do Brasil. As pessoas estão transformando questões puramente técnicas em um debate político. O que justifica atrasar um alvará de paisagismo do metrô em dez meses? Ou atrasar a ordem de serviço de dezenas de passarelas em 11 meses? Eu preferia que todo esse debate ficasse restrito ao âmbito técnico”, ressaltou.
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