terça-feira, 8 de maio de 2018

Aposta da oposição: Múltiplas candidaturas tentam 'forçar' 2° turno após 24 anos na Bahia

Aposta da oposição: Múltiplas candidaturas tentam 'forçar' 2° turno após 24 anos na Bahia
Foto: Camila Souza/GOVBA
A desistência de ACM Neto (DEM) na disputa pelo governo do estado iniciou um processo de múltiplas candidaturas dentro da oposição, mas ainda não se sabe se essa pulverização dentro do bloco atrapalha ou reforça a candidatura à reeleição de Rui Costa (PT). Sem a liderança do prefeito de Salvador, a oposição se dividiu entre três candidaturas com maior musculatura - José Ronaldo (DEM), João Santana (PMDB) e João Gualberto (PSDB) - e ainda outras menores, como a do ex-prefeito João Henrique (PRTB) e de Marcos Maurício (PSDC). Nesse cenário de dispersão, o atual governador é tido como franco favorito por aliados, principalmente após a retirada do prefeito de Salvador, considerado então adversário político de Rui no pleito de outubro . A situação, porém, pode abrir novas possibilidades para as eleições. Para o professor da Universidade de Brasília (Unb) e cientista político Ricardo Caldas as diversas candidaturas têm chance de forçar um segundo turno Bahia. De acordo o especialista, no segundo turno o jogo pode virar. “Se você não pode ganhar, você pode levar a disputa para outro lugar. O segundo turno é uma nova eleição”, argumentou. Para o cenário se tornar realidade, as candidaturas precisam ser diversificadas. “Se a oposição tiver uma base diversificada em que se coloque nomes que cubram boa parte do espectro político, isso aumenta a chance de um novo turno”, completou Ricardo Caldas.

Sem Neto, Rui é tido como o franco favorito à reeleição | Foto: Bahia Notícias

De um dos lados da trincheira, o da oposição, o presidente do PTB na Bahia, Benito Gama, discorda do cientista político e prega que a união das candidaturas pode ser o melhor caminho para a vitória. Ao Bahia Notícias, o deputado federal lembrou que, historicamente, os baianos não costumam deixar a escolha de um governador para um segundo turno. “A Bahia não tem histórico de terceira via”, cravou o presidente que já demonstra apoio a candidatura de José Ronaldo (DEM) . De fato, a última vez que o estado precisou de um segundo turno foi há 24 anos, em 1994, quando Paulo Souto (DEM) venceu João Durval (PDT) com 58% dos votos. “Esse é o primeiro momento de uma pré-campanha que ainda passará por várias fases. O nosso projeto [da oposição] era ir com ACM Neto, mas sem ele, outros nomes se apresentaram. Agora temos tempo para construir unidade entre os nomes”, pregou Benito. Gama ainda contestou a hipótese de que a eleição já esteja definida para o lado petista e negou que as múltiplas candidaturas da oposição favoreçam Rui Costa. Apesar da opinião, o deputado é enfático no que acredita ser o melhor caminho: “o ideal é que a gente faça uma unidade”.

Há 24 anos Bahia elege governadores no primeiro turno | Foto: Reprodução / Brasil 247

Já para o presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, a pulverização condiz com o momento inesperado de "abandono" de ACM Neto. “A oposição perdeu qualquer ponto de referência naquilo que acreditavam”, comentou. O petista diz que “a fatia de votos” destinados a oposição deve se manter nesse cenário disperso, só será fracionada entre os candidatos. “Eles juntos ou separados não criam uma polêmica nova para as eleições”, opinou Everaldo que vê uma tendência de unificação entre os nomes. O presidente chamou ainda a pulverização de uma “estratégia de subsistência” para se amenizar o impacto de uma redução da bancada adversária. “Penso que a estratégia agora é muito mais para manter o número de mandatos do que disputar uma majoritária. É uma estratégia de subsistência”, discursou. O petista não acredita que a eleição já esteja ganha para Rui, mas pondera que a jogada de se ter vários candidatos para barrar um favorito nas urnas já não deu muito certo por aqui. Quando a reeleição de Neto também foi dada como vencida em 2016, esse foi o plano adotado pelo PT a nível municipal para superar o favorito ao Palácio Tomé de Sousa. A oposição lançou os candidatos Alice Portugal (PcdoB) e Isidório (então no PDT, hoje no Avante) como aliados contra Neto. A jogada não deu certo e o prefeito foi reeleito com 73,89% dos votos . “Alice era uma concepção política e Isidório era outra. As candidaturas se justificavam por isso”, comentou Everaldo que completa: “Nesse momento a realidade não é um debate de segundo turno, é de subsistência”.

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