O boêmio bairro do Rio Vermelho, em Salvador, foi tomado por uma mistura de fé, religiosidade, sincretismo, sagrado e profano, alegria e até tensão durante os festejos de Iemanjá, neste sábado (2). No local, o BNews conversou com alguns protagonistas de uma das mais tradicionais festas na Bahia.
Faltando poucos minutos para a Rainha do Mar receber as oferendas, dona Nélis Ribeiro dos Santos, natural de Gamboa do Morro, fazia suas preces para o orixá. “Essa festa é a coisa mais linda do mundo. O tempo vai passando e vai duplicando gente. Moro em Salvador há mais de 50 anos. Todos os anos participo da festa. Eu quero alcançar uma coisa de lá do meu interior. Quero que ela resolva tudo para me dar paz”, revela ao ser abordada pela reportagem.
Com um sorriso largo, a mãe de santo Leda, do Terreiro de Yemanjá Ogunté, em Feira de Santana, a 108 km de Salvador, assiste a diversão de um grupo em uma roda de samba. Ao site, ela conta o início de sua devoção.
“Tudo começou com uma rosa branca, eu nem tinha condições de comprar, hoje, coloco um presente de R$ 2 mil. Tem que ter a comemoração porque eu sou filha de Iemanjá, ela é dona da minha cabeça. Agradeço tudo, primeiramente a Deus, depois a ela. Você está vendo como está aqui?”, diz apontando para a praia. “Esse povo da Bahia é apaixonado por Iemanjá. Aqui, a gente não vem buscar o dinheiro, porque dinheiro não é tudo. A gente vem buscar paz”, emenda.
E, como manda a tradição, a festa tem também seu tradicional lado profano. Para a técnica em enfermagem, Mônica Costa da Silva, esse momento não pode faltar. “No meu caso, sempre tem que ter. Faço minha obrigação, mas também misturo”, diz aos risos na companhia de familiares.
Se Mônica curtiu a festa, a terceirizada do Fórum Ruy Barbosa, Denise Silva dos Santos, dançava e bebia bastante no Largo de Santana. Ela disse que estava radiante porque o feriado caiu em um fim de semana, pois teve uma folga do trabalho. “Nunca tive a oportunidade de aparecer aqui. Eu estou amando. Está lindo, vou ficar quebrando até umas horas. Não deu para dar o presente, porque eu trabalhei até tarde, mas Iemanjá, Deus primeiramente, sabe de todas as coisas. Ela vai entender”, diz, logo em seguida, chama o sobrinho e amigas para posar para uma foto. Ainda ofereceu uma água bem gelada para esta humilde repórter, que não recusou.
Mas, a festa também teve um pouco de tensão. Uma briga entre filhos de santo, próximo da Colônia de Pescadores, atraiu curiosos que não entendiam o motivo do alvoroço. “Não fale de pai, porque vai ouvir você, e até Mãe Menininha”, disse um. Outro, desceu mais o nível da conversa. “Eu saí da mesma bu**** que você, quem rasgou primeiro fui eu, me respeite”. Diante do auê, alguns deles começaram a arrumar as coisas, para deixar o local. A turma do deixa disso logo chegou, resolvendo a situação. E, o clima de descontração voltou.
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