sexta-feira, 17 de maio de 2019

ONU alerta para risco de vazamento radioativo no Oceano Pacífico por 'caixão' da Guerra Fria

ONU alerta para risco de vazamento radioativo no Oceano Pacífico por 'caixão' da Guerra Fria
Foto: Giff Johnson / Agência de Defesa Nuclear dos EUA
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez uma alerta para o risco de vazamento radioativo em um depósito de resíduos de testes nucleares no arquipélago das Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico. A mensagem foi dada nessa quinta-feira (16) em um discurso para estudantes de Fiji.

Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, a estrutura é uma cratera coberta por uma camada de concreto, que foi construída na Ilha de Runit, pertencente ao atol de Enewetak. Guterres classificou como um "caixão" herdado da Guerra Fria. "O Pacífico foi uma vítima no passado, todos nós sabemos", afirmou o secretário.

A publicação lembra que entre 1946 e 1996, Estados Unidos, França e Reino Unido realizaram centenas de testes nucleares em ilhas do oceano. No Pacífico central, por exemplo, os americanos realizaram mais de 100 testes, dos quais 67 ocorreram entre 1946 e 1958 nos atóis de Bikini e Enewetak, nas Ilhas Marshall. Um desses testes foi o da bomba de hidrogênio "Bravo", em 1954, a mais poderosa bomba H detonada pelo país, com potência mil vezes superior à de Hiroshima.

"Estas consequências foram dramáticas em termos de saúde e envenenamento da água em alguns lugares", ressalta Guterres. Ele conta que se encontrou com a presidente das Ilhas Marshall, Hilda Heine, que está "muito preocupada com o risco de envenenamento de material radioativo na área".

Essa cratera é fruto da explosão da bomba nuclear Cactus, na Ilha de Runit, em maio de 1958. Anos depois da explosão, os resíduos contaminados de testes nucleares foram enterrados no local. Já em 1979, a cratera foi coberta por uma camada de concreto de 45 centímetros de espessura, porém o fundo não foi isolado por questões de custos.

Além disso, a estrutura deveria ser transitória, mas se tornou permanente e, quatro décadas depois, rachaduras já foram detectadas. Outro fator de risco é a elevação do nível do mar, provocada pelo aquecimento global.

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