Foto: Manu Dias/ GOVBA
Ninguém falou oficialmente em candidatura da major Denice Santiago a prefeita de Salvador nesta segunda-feira (9). Porém a comemoração dos cinco anos da Ronda Maria da Penha foi um lançamento extraoficial da campanha da militar como candidata ao comando da capital baiana em outubro. Enquanto isso, o PT finge viver numa democracia interna, frente à "imposição" do nome da major como aposta do governador Rui Costa no processo eleitoral soteropolitano.
Ao completar cinco anos de um projeto importante no contexto social, a major anunciou a sua saída do posto. Apresentando, inclusive, a substituta, Flávia Adorno. Não haveria razão para substituição de Denice da função a não ser que houvesse algum tipo de inclinação político-eleitoral. Se restava alguma dúvida sobre Rui "bancar" a candidatura dela a prefeita, não resta mais nenhuma. Ainda que figuras como o ex-ministro Juca Ferreira insistam em sugerir que é a imprensa a ficar elucubrando a postulação do major e do governador.
E, por mais que o petismo tente argumentar que haverá a presença maciça da militância na eventual campanha de Denice, o evento de "despedida" da major da Ronda Maria da Penha não teve a adesão em massa de petistas de grosso calibre. É um sinal de que, não necessariamente, os militantes clássicos estarão "vestindo a camisa" dessa campanha.
Os fatores são diversos, porém o mais explícito é de que o PT não tende a aceitar facilmente um nome "goela abaixo". Claro que existem exceções, a exemplo das duplas Lula-Dilma, Wagner-Rui e até Lula-Haddad. Todavia, a história da major está longe da aproximação de Dilma Rousseff com o PT e da militância histórica de Rui e Fernando Haddad. Além do governador baiano não nutrir a empatia de Luiz Inácio Lula da Silva ou de Jaques Wagner. Ou seja, será necessário muito mais esforço político para convencer a militância de que vale encampar a bandeira Denice Santiago.
Rui pode sair vencedor nesse "direito pleno de militante" de impor a major, como classificou o presidente municipal do PT, Ademário Costa. No entanto, a tirar pela postura do chão de fábrica, que tem bradado discretamente e atingido Denice com "fogo amigo", essa "democracia" do PT fica restrita ao plano das ideias. O partido pode até usar o discurso que não tem dono. Na prática, tem caciques que definem os rumos sem consulta prévia às bases. Algo que merece ser atacado quando se trata dos outros. Afinal, pimenta no olho alheio arde mais, não é mesmo?
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