quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Bolsonaro deve crescer nas pesquisas e tornar campanhas mais agressivas, diz analista da XP

 

Bolsonaro deve crescer nas pesquisas e tornar campanhas mais agressivas, diz analista da XP
Foto: Reprodução/Agência Brasil

As medidas econômicas adotadas pelo governo nas últimas semanas, a menos de dois meses das eleições, como redução nos preços da energia e dos combustíveis e aumento do Auxílio Brasil, devem levar a um aumento nas intenções de voto no presidente Jair Bolsonaro (PL), com um consequente acirramento das campanhas eleitorais.
 

A previsão é de Richard Back, chefe de análise política da XP Investimentos.
 

"Acho que o Bolsonaro tem mais cara de 40% [de intenções de voto] do que cara de 30%. [O atual presidente] vai subir [nas pesquisas] e vai ser muito mais apertado do que parecia antes", afirmou Back, durante participação em evento da gestora Tag Investimentos nesta quarta-feira (17), em São Paulo.
 

Pesquisa de intenções de voto realizada pelo Datafolha no final de julho apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 52% das intenções de votos válidos na disputa, contra 32% de Bolsonaro.
 

Essa subida do incumbente "vai assustar o PT, vai assustar o Lula, e aí a campanha vai ficar cada vez mais movimentada e agressiva. Não vai ser campanha de grandes debates, vai ser campanha de grandes pancadarias", afirmou Back.
 

O analista político da XP disse também que o que chamou de "terceiro turno" -um cenário em que o presidente Bolsonaro perde as eleições e passa a questionar os resultados- é um risco presente no radar dos investidores, tanto no Brasil como no exterior.
 

Back afirmou ser possível que nas semanas seguintes ao pleito presidencial haja algum "agito" entre o eleitorado bolsonarista, com manifestações contrárias à vitória do ex-presidente Lula e ao processo eleitoral de forma geral.
 

"Acredito em algum nível de agitação", disse o analista da XP, acrescentando que prevê uma vitória do ex-presidente Lula nas eleições.
 

Um dos principais gestores do país, Luis Stuhlberger, da Verde Asset, afirmou recentemente que um questionamento sobre o resultado das eleições é o maior risco hoje no mercado brasileiro.
 

"Se tivermos 15 dias de bagunça pós-eleições, é difícil termos um mercado muito tranquilo em uma situação como essa, mesmo que não dê em nada", afirmou Tiago Berriel, economista-chefe do BTG Pactual Asset Management, também presente no evento da Tag.
 

Copa do Mundo deve arrefecer ânimos, prevê analista Back, da XP, afirmou, contudo, que não espera que o movimento questionando o resultado eleitoral se prolongue por muito tempo e provoque algum risco mais palpável de qualquer tipo de ruptura institucional.
 

As próprias manifestações em defesa da democracia, com parte relevante do empresariado sinalizando que não irá apoiar qualquer tentativa de golpe, contribuem para reduzir o risco de ruptura, afirmou o analista.
 

Além disso, a Copa do Mundo na esteira das eleições tende a contribuir para um arrefecimento de um agito social maior por conta do resultado eleitoral, assinalou Back.
 

O analista da XP disse ainda que é difícil prever neste momento quais devem ser os nomes fortes de um eventual futuro governo petista no campo econômico.
 

Segundo o especialista, as opções do ex-presidente Lula na economia englobam nomes que podem ser recebidos de maneiras bastante distintas pelo mercado, citando entre as possíveis alternativas desde o ex-ministro Aloizio Mercadante e a ex-presidente Dilma Rousseff, até o economista Pérsio Arida.
 

A margem de folga em relação ao presidente Bolsonaro em um provável segundo turno, acrescentou Back, deverá balizar a escolha do candidato petista na economia, com um nome mais pró-mercado em caso de uma vitória apertada, e com uma indicação que talvez não seja tão bem recebida pelos investidores, caso a distância seja mais dilatada.

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