quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

MDB, PSD e União Brasil cobram ministérios para aderir à base de Lula

                                                                                    

O plano do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de formar uma base política com MDB, PSD e União Brasil dependerá da negociação de ministérios no novo governo.
 

Logo que Lula assumiu a articulação política, líderes desses partidos cortejados pelo petista passaram a traçar cenários, já com nomes de possíveis indicados, para o espaço que podem ter na Esplanada a partir de janeiro.
 

Aliados de Lula dizem que não há postos suficientes no primeiro escalão para o número de pedidos que têm sido feitos. O presidente eleito ainda irá montar a nova formação de ministérios com base na governabilidade e não há garantia que todos os pleitos dos aliados de centro serão atendidos.
 

A fatura desejada pelo MDB para integrar a base do novo governo é de três ministérios, sendo que um seria o de Simone Tebet. A senadora por Mato Grosso do Sul se alinhou a Lula após ficar na terceira colocação da corrida presidencial.
 

Além do lugar de Simone na Esplanada, o partido presidido por Baleia Rossi (SP) almeja comandar mais uma pasta para a bancada do MDB da Câmara e outra para a do Senado.
 

Apesar de Lula ainda não ter sinalizado ceder esse espaço ao partido, integrantes do MDB dizem que os deputados José Priante (PA) e Isnaldo Bulhões Jr (AL), que é líder da bancada na Casa, são os favoritos para serem indicados numa possível cota da sigla na Câmara.
 

Priante é ligado ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), aliado a Lula. O MDB do Pará conseguiu eleger 9 deputados, de um total de 17 no estado. Baleia, que também é deputado, sinalizou a aliados que não se oporia à escolha de um indicado de Helder.
 

No Senado, o líder da bancada, Eduardo Braga (AM), tem planos de retomar a influência sobre o Ministério de Minas e Energia --mas o PT também tem interesse na pasta. Já o senador Renan Calheiros (AL) planeja fazer uma indicação para o ministério de Lula.
 

Caso Calheiros consiga vencer a disputa de poder interna, ex-governador e senador eleito Renan Filho (MDB) é citado como um dos cotados para a indicação da bancada da Casa.
 

Segundo emedebistas, a proximidade de Braga com o governo de Jair Bolsonaro (PL) poderá prejudicar o senador na briga.
 

A pasta de Tebet, que contempla a cúpula do MDB, ainda está em discussão interna no partido. Uma ala da legenda tenta emplacar a senadora para o Ministério de Meio Ambiente --apesar da disputa pela pasta já ter nomes de peso, como a ex-ministra Marina Silva (Rede).
 

Tebet foi nomeada para a equipe de transição de Lula, mas é responsável pela área de assistência social. Ela também é cotada para a pasta do Desenvolvimento Social, que cuidará do novo Bolsa Família.
 

No entanto, a área social é requisitada pelo PT, que não quer abrir mão de um ministério com orçamento voltado para a população mais pobre. Por isso, emedebistas avaliam que Tebet poderia liderar um reposicionamento do partido ao liderar discussões sobre sustentabilidade na pasta do Meio Ambiente.
 

O MDB quer um ministério que dê projeção para projetos políticos futuros de Tebet.
 

O partido terá o mesmo número de deputados que o PSD na nova legislatura. São 42 votos cada bancada. No entanto, a cúpula emedebista diz que, por causa de Tebet e da aliança com a ala lulista no Nordeste, a sigla deveria ter mais espaço no novo governo.
 

Em conversas internas, o PSD aponta que pretende emplacar ao menos dois ministros na Esplanada de Lula. A ideia é que um nome seja indicado pela bancada do partido na Câmara e outro pelos senadores da sigla.
 

A justificativa dos dirigentes da legenda é que a inclusão dos parlamentares nas negociações dos ministérios pode facilitar a relação do futuro governo com o Congresso.
 

Os nomes mais cotados dentro das bancadas atualmente são o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) e o senador Carlos Fávaro (PSD-MT).
 

Pedro Paulo é ligado ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que fez campanha a favor de Lula desde o primeiro turno da eleição presidencial. O partido não sinalizou que pasta o parlamentar poderia comandar.
 

Já Carlos Fávaro, que foi um dos principais apoios políticos ruralistas que declararam apoio a Lula ainda no primeiro turno, aparece na lista de cotados para a Agricultura.
 

Um possível entrave à nomeação do senador é o perfil de sua suplente. Caso Fávaro se licencie para ocupar uma vaga na Esplanada dos Ministérios, quem assume sua cadeira no Congresso é a empresária Margareth Buzetti.
 

Buzetti é filiada ao PP e fez campanha aberta pela reeleição de Bolsonaro em 2022. Ela tem ligação com políticos mato-grossenses e entidades empresariais que também estiveram ao lado do atual mandatário durante a campanha.
 

Uma saída estudada é que Buzetti se filie a um partido que irá integrar a base de Lula. Há a opção do próprio PSD ou da União Brasil.
 

Dirigentes do PSD afirmam ter um acordo para que ela se comporte como uma integrante da base de Lula --mas seu nome provoca reações negativas dentro da equipe de transição.
 

Uma alternativa ao nome de Fávaro seria o também senador Alexandre Silveira (PSD-MG). Ele poderia ocupar outra pasta, ainda a ser negociada, como um sinal de prestígio ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O mandato de Silveira chega ao fim em fevereiro.
 

Mesmo que Fávaro se torne ministro, o PSD também gostaria de ver Silveira em algum cargo de relevo. Uma opção é o comando de uma empresa pública ou de uma autarquia federal com orçamento robusto.
 

Dos três partidos que conversam com Lula, a União Brasil é a que terá a maior bancada na Câmara. Serão 59 deputados a partir de fevereiro.
 

Aliados de Lula dizem que uma parte da União Brasil não deverá aderir ao novo governo petista. Isso, porém, não reduz a importância da negociação com a sigla. As conversas estão sendo feitas com o líder na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e o líder no Senado, Davi Alcolumbre (AP).
 

Segundo petistas, há interesse da União Brasil por dois ministérios --um para cada Casa. Além disso, Elmar quer manter a influência na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).
 

A estatal é comandada por Marcelo Andrade Moreira Pinto, que foi indicado por Elmar em 2019, ainda na gestão Bolsonaro. Alcolumbre, por sua vez, quer a liderança do governo no Senado e costura apoio para retomar a presidência da Casa em 2025.

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